Foi em Várzea Alegre que tudo começou.Meus pais nasceram lá, se conheceram, casaram, tiveram 12 filhos. Em 1954 nasceu a sementinha perturbadora chamada Maria de Fátima Bitu. Até os 2 anos eu tinha as pernas da minha mãe e caminhava normal mas exatamente no mês de maio veio a poliomielite que quase tirou a alegria de viver de meus pais. Tentei ser forte e fui à luta, não deixei que ninguém atrapalhasse meu sonhos. Estudei com Dona Elisa Gomes Correia que me deu grandes lições de coragem para vencer certos desafios. Ela era paralítica mas tinha um força interior muito grande e me ensinou a não vacilar diante das dificuldades. Ao lado da minha casa, tinha também a professora Iracy Bezerra de Morais que também me passou grandes lições de sabedoria e bondade. No Ginásio São Raimundo Nonato tive o primeiro contato com a língua francesa através da professora Aniete Ferreira Rolim. Como se não bastasse essas três professoras maravilhosas, ainda visitava muito a biblioteca da prefeitura, onde tive oportunidade de boas leituras.(Nesse tempo as pessoas tinham tempo para ler). Nessa época não havia televisão nem internet. Acho que o maior embasamento cultural deve-se a tudo isso. Por que então não valorizar a terra onde comecei a minha vida estudantil?
Aos 18 anos uma fada madrinha chamada Isabel Bitu, minha irmã me trouxe a Fortaleza para conhecer o mar. Acho que havia outra intenção além do mar. Foi muito emocionante.... numa festa de aniversário um médico ortopedista me encorajou a fazer uma cirurgia na perna que me fez passar um ano sem estudar. Troquei a sala de áula e os livros pelas clínicas ortopédicas e clínicas de fisioterapia. Voltei para Várzea Alegre levando um troféu para meus pais: o aparelho ortopédico que me deu condições de caminhar melhor sem tantas quedas.Depois vim á Fortaleza para continuar meus estudos. Fiz Letras/ Francês na UFC. Quando colei grau já havia uma proposta de emprego no Centro de Línguas - IMPARH onde estudei e trabalhei durante 25 anos como professora de Francês. Nunca tive grandes luxos, não gosto mesmo. Passei a vida inteira me preparando para fazer a tão sonhada viagem à França que aconteceu em 1999. A coragem e a vitória de fazer um curso de verão em Paris de onde guardo as melhores recordações, tendo a oportunidade de conviver com estudantes russos, italianos, gregos, espanhóis, poloneses e japoneses falando o idioma mais bonito do mundo: o francês. Andar sozinha pelas ruas de Paris e Lisboa sem medo do trânsito e da violência e me achando a pessoa mais saudável desse mundo. Só tenho motivos para ser feliz: a família, os alunos que foram meu instrumento de trabalho que exercia como se fosse um lazer. Ainda hoje recebo homenagens as mais diversas. Justamente no dia 13 de maio de 2011 recebo o comunicado de minha aposentadoria.As pessoas cismam com esse nome mas eu não estou parada, faço tradução.Tenho que agradecer a Deus por estar saudável e poder tomar conta da minha casa que amo e receber meu bom círculo de amizades: aquelas pessoas que são comprometidas com meu objetivo de vida aos 57 anos: SER FELIZ E FAZER OS OUTROS FELIZES.
Fátima Bitu
Nenhum comentário:
Postar um comentário