FALECEU
na tarde desta segunda feira 24 08 o príncipe dos poetas populares Pedro
Bandeira. Pedro foi um dos ícones da cultura popular brasileira tendo ele participou
dos maiores eventos folclóricos do Nordeste. Em casa, o poeta coleciona uma
centena de troféus. ‘‘Este é o meu maior patrimônio’’, afirma o repentista.
Pedro Bandeira é considerado o Príncipe dos Poetas. Pedro
Bandeira cantou para o papa João Paulo II; cantou para Oscar Niemeyer, para os
ex- presidentes, Castelo Branco, Costa e Silva, João Figueiredo, Fernando
Collor e é o repentista preferido do poeta escritor José Sarney, para quem
cantou várias vezes, quando este era presidente da república; intelectual por
quem sempre é citado em seus discursos sobre arte de improvisar, quando fala de
cantoria. Pedro
Bandeira foi citado e elogiado por Luís Câmara Cascudo, José Américo de
Almeida, Jorge Amado, Téo Brandão, Raquel de Queiroz, Rodolfo Coelho
Cavalcante, e tantos outros escritores do Brasil e do exterior. Foi convidado
pelo Dr. José Aparecido para ir a Portugal, o que aceitou, e juntamente com o
poeta Geraldo Amâncio, fez várias apresentações, naquele país, inclusive no
palácio do governo, a convite do próprio presidente Dr. Mário Soares. A
caminhada lírica teve início na década de 50, no município paraibano de São
José de Piranhas, onde nasceu no dia 1 de maio de 1938. Formado em Letras e
Direito, Pedro Bandeira recordava, com saudade do burro “Estrela”, que lhe
serviu de montaria, nas estradas poeirentas do sertão paraibano. Com
a viola nas costas, Pedro Bandeira viajou o mundo, cantando a seca, o inverno,
os pássaros, os animais, o homem nordestino.Durante cerca de 20 anos fez o programa Violas e Violeiros na Rádio
Educadora do Cariri. Ao lado de Luiz Gonzaga e padre João Câncio, participou do
projeto de criação da Missa do Vaqueiro, no distrito de Laje, em Serrita.Faz parte do ciclo do jumento, liderado por
padre Antônio Vieira, Patativa do Assaré, Zé Clementino e Luiz Gonzaga. Pedro
Bandeira era a voz do matuto explorado que chora suas mágoas e extravasa as
suas alegrias nas cordas de uma viola. Neto de violeiro, Pedro Bandeira nasceu
com a poesia no sangue. A viola era, na verdade, a sua eterna companheira. Jesus
Meu Galope Na Beira do Mar Jesus
Esperança da voz do perdão Divino
cordeiro, poeta e pastor Juiz
infalível do Código do Amor Estrela
cadente da constelação Nascente
perene do ventre do chão Painel
que reflete na luz do luar O
mundo é pequeno pra te comparar Perpétuo
Socorro dos desiludidos Farol
que ilumina os barcos perdidos Cantando
galope na beira do mar. Jesus
padroeiro do homem de fé Cometa
visível do largo horizonte Pedaços
de pétalas que descem da fonte Deixando
perfume no igarapé Estátua
sagrada que tem como sé Um
adro, uma igreja, um santo, um altar Piso
envergonhado no teu patamar Gemendo,
vergado no peso das culpas Orando,
chorando, pedindo desculpas Cantando
galope na beira do mar. Jesus
o refúgio de nós pecadores Autor
da orquestra do som dos arcanjos Poema
evangélico do coro dos anjos Maestro
do palco dos bons cantadores Canário
que trina no leque das flores Artista
das almas, que vive a cantar Lanterna
profética do topo do altar Libélula
que pousa no dorso da malva O
homem é quem peca, Você é quem salva Cantando
galope na beira do mar. Jesus
oceano completo de encantos Angico
frondoso coberto de ninhos Preserva
a vivenda de seus passarinhos Com
sopros de vida por todos recantos Lençol
perfumado, consolo dos prantos Da
alma penada que vive a chorar Nos
teus lindos olhos quem bem reparar Vê
duas lanternas nas noites de inverno Criança
sorrindo no colo materno Cantando
galope na beira do mar. Jesus
tabernáculo de portas abertas Teus
gestos são mansos, teus dias são calmos Profeta
que prega o livro dos salmos Nas
areias brancas das praias desertas Palavras
de mãe no pão das ofertas Que
a mãe carinhosa não sabe humilhar Ministro
de Deus que vive a rezar Vaqueiro
prudente das ovelhas mansas Patrão
dos adultos, pastor das crianças Cantando
galope na beira do mar. Jesus
matemático que tira o atraso Escola
sublime de todos os mestres Orvalho
aromático das rosas silvestres Retrato
de nimbos nas cores do ocaso Fiel
seresteiro que em todo parnaso As
musas pairaram pra lhe escutar Nasceu
pra sofrer, morreu pra salvar Varou
o deserto, quebrou a algema É
chefe do fórum na corte suprema Cantando
galope na beira do mar. Jesus
primogênito, meu Deus e meu tudo Tenor
das colinas, garganta sinfônica Toalha
de sangue nas mãos de Verônica Guerreiro
sem flecha, sem míssil ou escudo Rosário
de pérolas, versículo de estudo Profundo
que o homem não pode igualar Minha
ignorância queira perdoar Angústia
das dores do monte calvário Segredo
do sangue do Santo Sudário Cantando
galope na beira do mar. Jesus
solução dos grandes fracassos Amigo
que chega na dor dos suplícios Nas
horas difíceis de mil sacrifícios Feliz
da pessoa que segue seus passos Levando-o
no peito, na alma e nos braços Rasgando
a floresta pra o corpo passar Quem
anda contigo é certo chegar No
pouso celeste dos aventurados Banhar-se
na fonte, tirar os pecados Cantando
galope na beira do mar. Jesus
que perdoa os fracos de ações Estrela
da paz, remédio da guerra A
única pessoa do céu e da terra Que
entende a linguagem de todas Nações Morreu
coroado entre dois ladrões Cuspido
e zombado da voz popular Tirou
na história primeiro lugar Pendeu
a cabeça pro lado direito Pra
todos os séculos merece respeito Cantando
galope na beira do mar. Jesus
Nazareno filho de Maria Lições
infindáveis dos povos essênios Espelho
fantástico de todos os gênios Soluços
da noite, sorrisos do dia Montanha
escalável da teologia Caminho
pra alma se regenerar Palavra
gostosa de pronunciar Troféu
dos humildes, perdão das ofensas Estrada
infinita de todas as crenças Cantando
galope na beira do mar. Pedro
Bandeira
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