sexta-feira, 18 de abril de 2025

PARA QUEM GOSTA DE SE APROFUNDAR UM POUCO MAIS. CORDEL BRIGA NA PROCISSÃO DE CHICO PEDROSA

 


O Poema em cordel de Chico Pedrosa, “A briga na procissão”, ou “Jesus no xadrez”. Levando em consideração o fato do texto em questão relatar explicitamente um evento religioso a saber, uma procissão que, no final das contas, se torna um fiasco por conta do Jesus que, naquele dia, decidiu se rebelar contra seus algozes.  Se nos concentrarmos atravpes de uma  outra visão perceberemos quê, neste cordel, há aquilo que por hora chamamos de “um possível cristianismo popular não-sacrificialista”.
 
Alguns traços biográficos de Chico Pedrosa
 
Nascido em 1936, numa cidade pobre chamada Guarabira, no interior da Paraíba, e radicado no Recife desde o ano de 2005, Chico Pedrosa é um poeta popular da cidade grande, que se lançou na poesia em 1959, aos 18 anos de idade.

A partir de um cordel um tanto quanto autobiográfico, narrou as desventuras do nordestino no Centro-Oeste. Apesar de não gozar de destaque não convencional artístico, Chico é referência na arte da recitação, ao lado de outros grandes nomes do repente.


Poderíamos dizer que Chico é um daqueles que “fizeram escola”. Viajando pelo Nordeste, apresentando-se em mostras, encontros literários, festivais de violeiros, etc., Chico Pedrosa, cujo humor perpassa toda a realidade do nordestino, é um poeta contador de “causos”. Nas palavras concisas de Ésio Rafael, a poesia de Chico Pedrosa “não é apenas descritiva; ela encarna o sentimento e a fisionomia de um povo que luta, sofre, ri, chora, e sobrevive com dignidade e bravura, apesar das condições adversárias, recheadas de contradições estruturais da política econômica e social da região”. 

Entre outros textos, Chico publicou Meu Sertão (1999) e Raízes do chão caboclo (2007).
 
Como veremos no cordel “A briga na procissão ou Jesus no Xadrez”, ao narrar sobre uma tal “sexta feira da paixão”, Chico desconstrói a seriedade relativa ao mundo da religiosidade institucional, acabando por deixar transparecer que como personagens, ao assumirem os papéis relacionados à encenação culturareligiosa, revelaram o estado inverso da religião oficial. Nesta “versão popular”da encenação oficial da Igreja, Cristo não é crucificado. Pelo contrário, diante dos maus-tratos infringidos pelos maus feitores, Ele decide revoltar-se contra seus algozes, e acaba por ser preso. Nesse sentido, pensamos dizer que o Cristo encenado, assumido, contado e cantado pelo próprio povo perdeu a paciência e a traição aqueles que você agrediu. O Cristo desta gente, desta vez, fez diferente. Ao em vez de aceitar passivamente os açoites, rebela-se contra seus agressores.
 
Enfim, o cordel "Briga na Procissão", de Chico Pedrosa, é uma obra de ficção humorística que utiliza elementos da cultura popular nordestina para criar uma narrativa cômica e crítica. Embora o enredo seja fictício, ele se inspira em situações que poderiam ocorrer em encenações da Paixão de Cristo realizadas em comunidades do interior, onde imprevistos e improvisações são comuns.​
 
Na história, durante uma procissão em Palmeira das Antas, o ator que interpreta Jesus se irrita com os maus-tratos do centurião e reage de forma inesperada, resultando em uma confusão generalizada. Essa inversão do papel tradicional de Jesus, que ao invés de aceitar o sofrimento reage com violência, serve como uma crítica bem-humorada às encenações religiosas e à rigidez das tradições .​
 
Portanto, embora o cordel não relate um evento real específico, ele reflete aspectos da cultura e das práticas religiosas populares, utilizando o humor para questionar e satirizar comportamentos e normas estabelecidas.

Na próxima postagem você poderá ler o poema.

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