quarta-feira, 3 de março de 2021

ESTUDO IDENTIFICA GRUPO RARO QUE CONTROLOU HIV SEM MEDICAÇÃO



Estudo inédito publicado ontem (2/2) na revista EBioMedicine/The Lancet encontrou na República do Congo um grupo de 429 pessoas entre 10 mil pesquisadas que viviam com o HIV indetectável. Chamou a atenção dos pesquisadores o fato de essas pessoas não utilizarem qualquer tipo de medicação para controlar o vírus, revelou o Viva Bem UOL.
 
Chamadas de ‘controladores de elite do HIV’, esses indivíduos têm a carga viral tão baixa ou não detectável que acabam não transmitindo o vírus. O mais impressionante é que os homens e mulheres que participaram da pesquisa não fazem uso de qualquer antirretroviral de tratamento.
 
“Esta alta frequência encontrada é incomum e sugere que há algo interessante acontecendo em um nível fisiológico na República do Congo”, afirmou o diretor do Centro de Saúde Global do Hospital Johns Hopkins, Tom Quinn, um dos autores da pesquisa.
 
Para os pesquisadores responsáveis, o estudo vai estimular pesquisas adicionais que procuram compreender essa resposta imunológica única. Os resultados podem aproximar cientistas do objetivo de acabar com a pandemia de HIV, descobrindo ligações entre esse bloqueio natural do vírus e tratamentos futuros, mais eficientes em suprimir sua ação.
 
“As pessoas que são capazes de controlar naturalmente o HIV têm uma resposta imunológica realmente única, que pode nos dar pistas sobre como melhorar tratamentos”, salientou a cientista que coordena o programa de Vigilância Viral do laboratório Abbott, Mary Rodgers, uma das autoras do estudo. “A comunidade de pesquisa global tem mais trabalho a fazer, mas aproveitar o que aprendemos com este estudo nos coloca mais perto de possivelmente eliminar o HIV”, completou.
 
De acordo com o virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em HIV, Amilcar Tanuri, no Brasil, os ‘controladores de elite’ são raríssimos. “Em um estudo do qual participei como pesquisador no Rio de Janeiro, em cerca de sete mil pacientes, achamos apenas seis indivíduos nessas condições. Consideramos que são 0,1% da população brasileira. Na Republica do Congo, agora sabemos que a taxa é 2,4% da população, vinte vezes mais”, explicou o médico ao Viva Bem, que avalia que a pesquisa foi feita com todos os controles científicos necessários.
 
O principal mérito do estudo, na análise de Tanuri, é abrir portas para entender se o fenômeno foi causado pelo vírus ou pela resposta do hospedeiro. “Ou existe uma cepa menos agressiva ou é a genética do infectado que responde de forma diferente. É nisso que as próximas pesquisas devem focar”, pontuou.
 
Fonte e imagem: www.ictq.com.br

 

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