Imagine a mãe de Judas
indo ter com Maria de Nazaré após tudo ter ocorrido. O filho de um traído o da
outra. Este assassinado em decorrência da traição. E aquele, arrependido,
levado ao desespero de tirar a própria vida. Como seria o diálogo? Qual a reação
da mãe de Jesus? Qual carregava a maior dor?
Esse exercício de
imaginação conduziu o Poeta João Alberto Ferreira para compor. Dura, pungente,
triste e belíssima, lindo soneto que trás uma mensagem para qualquer mãe, de
qualquer época ou lugar.
A MÃE DE JUDAS
Quando em pequeno, o
Evangelho eu lia,
dizia para mim mesmo Não
te iludas,
talvez maior que as dores
de Maria
tenha sido o sofrer da mãe
de Judas.
Que destino cruel, que
sofrimento
Que duras penas e que
sorte avara,
Ver um filho sujeito a tal
tormento,
Um filho que em criança
amamentara.
Maria vê Jesus
crucificado,
Concedendo perdão a turba
inteira;
A outra mãe vê Judas
enforcado
Com suas próprias mãos,
numa figueira.
Alguém pergunta: Ante
tristezas tantas,
Qual das duas na terra
sofreu mais?
E a amplidão responde:
"Ambas são santas,
No sofrimento as mães são
sempre iguais.
João Alberto Ferreira
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