sexta-feira, 4 de agosto de 2023

POESIA - SOU O QUE SOU - POETA ALDO LEANDRO

 


Nada no mundo me faz
Eu deixar de ser assim
Respeitar meu semelhante
Me afastar de botequim
Por estar sempre completo
Quatro ou cinco analfabeto
Ficam com raiva de mim
 
Me criei sem ter riqueza
Sem ódio sem ambição
Trabalhando todo dia
A mandado do patrão
Broco roça limpo mato
Sou um sertanejo nato
Um vaqueiro de gibão
 
Sei fazer cerca de arame
De estakote e de vara
Mas ruim é juntar jurema
Pro mode fazer coivara
Numa hora fiz mais de dez
Formigas ferruando os pés
E o sol queimando a kara.
 
Dos sofrimentos da roça
Eu contarei um bocado
Com onze anos de idade
Eu comecei no pesado
Eu só tenho uma palhaça
Foi o que ganhei da roça
Oh meu deus muito obrigado
 
Sou poeta das coisas simples
Do mundo e do universo
Não adianta ter força
Se não existir progresso
Me dizia Zé Goiaba
Tudo na vida se acaba
Principalmente o sucesso
 
Quem passeia na floresta
É quem sente o cheiro da rama
Quem trabalha no roçado
Da sua sorte reclama
Com as mãos cheias de calo
Quem tem um filho cavalo
O seu pai como se chama
 
Nas trajetórias da vida
De plano fiz mais de cem
Ambição e enrolada
Esse defeito Aldo não tem
Meu passado foi grosseiro
Sofri sem ganhar dinheiro
Mas não gastei de ninguém
 
  
    Fcº Aldo Clementino

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