sábado, 8 de março de 2014

MULHERES TRABALHADORAS RURAIS COMEMORAM SEU DIA EM LUTA


8 de Março- Dia Internacional da Mulher, data que representa marcas de luta das mulheres no mundo,  para serem reconhecidas como parte social desse universo nos espaços públicos e privados. Neste ano de 2014, por decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas, será celebrado o Ano Internacional da Agricultura Familiar, Campesina e Indígena (AIAF). Isso significa o reconhecimento da contribuição da agricultura familiar (AF) para a segurança alimentar, diminuição da pobreza e erradicação da fome no mundo, a partir de um manuseio sustentável dos recursos naturais e da proteção do meio ambiente.

Diante desse contexto, nós, mulheres trabalhadoras do campo e da floresta, seguimos em Marcha, nos mobilizando nos estados, municípios e comunidades rurais, debatendo nossas condições de vida e trabalho, e incentivando o reposicionamento da agricultura familiar, campesina e indígena no centro das agendas nacional e estadual a fim de promover um desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade.

Queremos partilhar momentos de reflexão, de encontro, de análise da situação em cada município, assentamento, comunidade rural, despertando as mulheres para a luta cotidiana, gerando o sentimento de unidade, num mesmo elo de luta de classe que perpassa por vários outros campos da vida pública e privada.

Elegemos terra, território, agroecologia e uma vida livre de violência, como temas fundamentais a ser focalizados no Dia Internacional da Mulher, por compreendermos que eles estão na base do desenvolvimento que queremos construir. Também trazemos sete temas que será construído um portfólio de estudo com os seguintes temas:

Relações de gênero

Agricultura Familiar, organização da produção e convivência co o semiárido

Enfrentamento a violência contra a Mulher


Saúde da Mulher

Organização das Mulheres no MSTTR

Seguridade Social

Inserção das mulheres na política

Ambos são elementos do cotidiano da vida das mulheres cearenses e dialogam com os quatros temas centrais que afirma pra nós:
TERRA – Reafirmamos a terra como espaço de vida, de produção e de identidade sociocultural. Sem acesso a terra não é possível vencer a pobreza e tampouco ter um país democrático com justiça e dignidade. Sem terra não há agricultura familiar, não há produção de alimentos, não há renda. Sem acesso a terra milhares de famílias permanecem na pobreza e em situações de marginalidade e violência. Queremos terra e condições para nela viver e produzir. Queremos a democratização da terra, por meio da reforma agrária, para vencer a pobreza e as desigualdades.

TERRITÓRIO – Entendemos a terra como parte do nosso território, compreendendo também as águas e as florestas, e o território como um espaço de vida, um espaço social onde se estabelecem relações e modos de vida, onde se desenvolve diferentes culturas e formas de produção e reprodução, que marcam e dão identidade a um povo (populações indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e camponesas). Opomos-nos ao capital especulativo e agroexportador, que acirra os impactos negativos sobre os territórios, comprometendo a nossa terra, a água, os bens naturais, biodiversidade e modos de vida. Defendemos a soberania territorial, que compreende o poder e a autonomia dos povos em proteger e defender livremente os bens comuns.

AGROECOLOGIA – Consideramos a agroecologia como um modo de produzir e de se relacionar na agricultura com respeito e igualdade entre homens e mulheres, preservando e protegendo a biodiversidade, os ecossistemas e o patrimônio genético, as sementes e bens comuns.  Afirmamos a agroecologia como um meio de produção de alimentos saudáveis, livre de transgênicos e agrotóxicos, que valoriza as tradições, os saberes e culturas dos povos do campo, das águas e das florestas, sendo fundamental para a garantia da soberania alimentar e defesa da vida. Por isso, defendemos que a agroecologia como base para a sustentabilidade e organização social e produtiva da agricultura familiar e camponesa, em oposição ao agronegócio.

UMA VIDA LIVRE DE VIOLÊNCIA – Seguimos em marcha no enfrentamento e superação de todas as formas de violência, opressão e desigualdades, principalmente as de gênero, que discriminam as mulheres. Denunciamos a violência patriarcal e machista que atinge cotidianamente as mulheres  no ambiente doméstico e nos diversos espaços públicos, atos de violência que ferem o corpo físico e emocional e deixam marcas permanentes na vida das mulheres.  Defendemos e lutamos pela nossa autonomia econômica, pessoal e política, por nossa integridade física, pela autonomia, liberdade e controle sobre nossos corpos. O fim da violência contra as mulheres deve ser um compromisso do Estado e da sociedade e para tanto é preciso assegurar ações de prevenção, e o acesso das mulheres trabalhadoras do campo e da floresta a programas e políticas que assegurem ás mulheres uma vida livre de violência.

É preciso a sociedade, o estado, a família, a igreja, a escola compreender que o empoderamento das mulheres tem o objetivo de desafiar a cultural patriarcal, de transformar as estruturas e instituições que reforçam e perpetuam as discriminações de gênero e as desigualdades sociais e que é tarefa de todos e todas direcionarem trabalho e esforço para igualdade e superação de todas as formas de discriminação, preconceito e da pobreza.

Bem vindo 3º Março Lilás, bem vindo à consciência política, chegue, entre e permaneça nos dando a vontade de mudar tudo que nos impede de viver feliz.

                                                                                             Rosângela Ferreira Moura
                                                                  Secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da FETRAECE

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