Em meio aos diversos problemas do Hospital Geral, a reportagem teve acesso a uma lista contendo 32 produtos em falta em apenas um dia na unidade, entre medicamentos e materiais cirúrgicos, dificultando ainda mais a vida dos pacientes
A carência de insumos sofrida pelo maior hospital terciário do Governo do Estado do Ceará, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), tem dificultado o tratamento de pacientes internados e acarretado consequências graves, como morte por falta de antibióticos, segundo denúncias enviadas ao jornal Diário do Nordeste, por meio da ferramenta Vc Repórter. Além disso, de acordo com o Sindicato dos Médicos do Ceará, em apenas dois dias de plantão – 31 de outubro e 1º de novembro – 19 pessoas morreram, quando a média é de dois a quatro óbitos por cada plantão.
Em outra denúncia enviada por meio da ferramenta, a reportagem teve acesso a uma lista contendo 32 produtos em falta em apenas um dia na unidade, entre medicamentos e materiais cirúrgicos. Luvas, máscaras, fios de nylon, perfusores, dreno de tórax, três diferentes tipos de agulha, seringas, Aramin, Buscopan Composto, Clonidina e Xilocaína são apenas alguns dos insumos em falta na lista e afixados em uma das salas do hospital.
A dificuldade já havia sido noticiada pela reportagem na semana passada, quando foram suspensas as cirurgias e internações eletivas. Apesar das denúncias, a assessoria de comunicação da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) afirmou ontem que não se pronunciaria sobre o caso.
Para a presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, Mayra Pinheiro, a situação se configura como uma tragédia, em que a carência chega até mesmo a antibióticos utilizados em pacientes em sepse. “Em pacientes com infecção grave normalmente, são utilizados dois antibióticos, para combater bactérias gram-positivas e gram-negativas. Alguns pacientes graves precisam de drogas muito específicas e tivemos um período com falta de antibióticos de combate às gram-negativas”, esclarece.
Dos 19 pacientes que vieram a óbito entre o dias 31 de outubro e 1º de novembro, segundo a médica, 13 faleceram na emergência. “Morreram por sepse e insuficiência renal, ocasionados tanto pela falta de antibióticos como cateter de diálise. Alguns eram portadores de doença renal, não conseguiram realizar a hemodiálise e morreram”, diz.
Medidas
Ainda de acordo com Mayra Pinheiro, a Sesa ainda não emitiu informação sobre quais medidas serão tomadas para reverter o quadro, e diante da gravidade da situação, o Sindicato promoverá uma mobilização no próximo dia 27 de novembro chamando atenção para o problema. “Queremos que a população também se mobilize, que vá para as ruas com um grito único em defesa da saúde”, acrescenta.
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