quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Uma a cada cinco casas conectadas do Brasil usa internet do vizinho


Para alguns vizinhos, perguntar a senha do Wi-Fi é tão casual quanto pedir açúcar emprestado ou reclamar para que abaixe o volume da música alta.
Uma a cada cinco casas conectadas do Brasil usa internet do vizinho, mostra a TIC Domicílios 2016, uma pesquisa que traz o raio-X da internet brasileira.

Pelo Wi-Fi
E a partilha da conexão fixa sem fio está no centro desse fenômeno, afirmou ao G1 o coordenador do estudo, Winston Oyadomari. “Quem compartilha faz isso majoritariamente pelo Wi-Fi”, diz.
Para 18% dos domicílios brasileiros, usar internet do vizinho é a forma de se manter conectado. Esse índice era de 13% em 2014.
A disseminação da conexão compartilhada acompanha o avanço do Wi-Fi nas residências. Passou de 66% há três anos para 80% em 2016.

Wi-Fi, presente em 80% dos domicílios conectados, permite o compartilhamento da conexão

A maior presença de Wi-Fi nas casas, diz Oyadomari, é apenas um dos fatores responsáveis pela onda de internet dividida. O outro é o preço.
“Alguns domicílios racham a conta e roteiam a internet”, diz.
E a generosidade? "Isso a gente nem pergunta", brinca o pesquisador. “A gente não pergunta de que forma compartilha, se racha a conta ou se é Gatonet. Nada disso. A gente só pergunta se a internet daquele domicílio é usada no vizinho.”

Só que um dos detalhes trazidos pela pesquisa é que o preço para contratar internet é o principal motivo para residências se manterem desconectadas.
Assim, explica Oyadomari, é melhor dividir a mensalidade com o vizinho do que ficar offline. “Eles compartilham para viabilizar a assinatura. A divisão pode sim ser uma estratégia.”
A questão do preço é um impeditivo tão grande que o índice de casas que compartilham internet é maior onde as rendas são menores:
30% na área rural;
28% no nordeste;
27% entre domicílios com renda de até 1 salário mínimo;
27% nas casas das classes DE.

“A questão do preço é um fator limitante, tanto para a assinatura quanto para desembolso do uso da internet no telefone”, diz Oyadomari.
O curioso é que o uso do Wi-Fi não é tão disseminado entre as casas que se encontram nas condições acima. Enquanto 81% das residências urbanas possuem esse tipo de conexão, ela abrange 59% daquelas localizadas na zona rural. Entre os domicílios das classes DE, 51% têm Wi-Fi. Esse índice chega a 98% na classe A.
“O fato de ter menos Wi-Fi não significa que elas vão compartilhar menos. Pelo contrário, é a escassez que promove o compartilhamento”, diz o pesquisador.

Fixo x Móvel
A TIC Domicílios 2016 foi feita pelo Cetic.br, órgão vinculado ao Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.br). Foram entrevistados moradores de 23 mil domicílios em mais de 350 municípios de todo o Brasil entre novembro de 2016 e junho de 2017.
Segundo o estudo, 54% das casas do Brasil já possuem acesso à internet: equivale a 36,7 milhões de residências. Em relação a 2015, houve avanço de três pontos percentuais.
A inclusão digital cresceu, mas foi puxada apenas pelo avanço da conexão móvel. A banda larga fixa ficou estagnada entre 2015 e 2016, quando quase 2 milhões de casas ficaram online com 3G e 4G.
“O móvel está chegando e o fixo, não”, diz Oyadomari. Ele explica que a disponibilidade de infraestrutura de redes cabeadas é mais escassa em certas regiões.
Outra razão para o descompasso nas velocidades de disseminação da internet fixa e móvel passa novamente pelo dinheiro: o modo de pagamento. “Na fixa, o desembolso é mensal e na móvel, diária. Você tem estratégias diferentes.”

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