terça-feira, 26 de maio de 2020

PEDINDO NOTICIAS DELA - PEDRO BANDEIRA



Meu corpo todo estremece
Meu coração pulsa forte
Um vento frio do Norte
Passa cantando uma prece
Uma aranha oculta tece
A teia do dessabor
Meu Ego senti uma dor
Que só quem sofre é quem mede
Minha alma suspira e pede
Notícias do meu amor

Sinto uma dor trepidante
Um desengano um engasgo
Escuto de longe o rasgo
De uma corneta vibrante
Choro na dor humilhante
Da voz que o silêncio traz
Leio placas desiguais
Dizendo em forma de drama
O coração que te ama
Partiu pra não volta mais.

Angustiada canseira
Me mata de alquebramento
Trazendo o resfriamento
Dos pés até a moleira
Pressinto matéria inteira
Sentindo febre sem cura
A mais perversa tortura
Ao meu coração magoa
Porque não vejo a pessoa
De quem eu vivo a procura

Pela taciturnidade
Seu corpo meigo se esconde
Por entre as grimpas da Fronde
Do bral nau da Saudade
Na branca ingenuidade
Reclamo desvanecido
Choro no canto escondido
Dizendo na Voz do Choro
Estou caçando um tesouro
Há mais de um século perdido

Pelas devassas tabernas
Curto paixões e ressacas
Sinto as estrelas opacas
Negarem suas lanternas
Dores internas e externas
Nascem das minhas raízes
Recordo todos os matizes
De um Campo Verde que tros
O ósculo da boca doce
Nos meus momentos felizes

A voz rouquenha da Mata
O cochichado das Folhas
Toda a maciez das bolhas
O sussurrar da Cascata
A brisa que se desata
Quando a fogueira crepitava
A chuva que canta e grita
Os peixes que não se afogam
No alto mar interrogam
Em que planeta ela habita

O ronco do avião
O burburinho do estádio
A voz romântica do rádio
O ribombar do Trovão
O som da televisão
O berro triste do trem
O Pilar do vem vem
Com outras vozes se juntam
E quando canta perguntam onde

Os sons do corpo que Abraça
A grota que rumoreja
A voz do sino da igreja
O tom do carro que passa
A lentidão da fumaça
Que o corpo da terra solta
O vento que se revolta
Por entre pratos e mágoas
Perguntam ao gemer das águas
Se ela volta ou não volta

A pétala da flor cansada
O barulhar da maré
A sutileza do pé
Da juriti espantada
O trinar da passarada
No rubro seio da aurora
A mãe da lua que chora
Perdida na solidão
Perguntam por qual razão
O meu amor foi embora

O eco de uma espingarda
Que dispara meia noite
O som veloz do açoite
Da asa da garça parda
A que meu anjo da guarda
Se cala e se acautela
Me escondo detrás da tela
Do cinema e da poesia
Até que o destino um dia
Me traga notícias dela


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