quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Medicamento para covid em farmácia deve custar R$ 2.700

 


Recentemente autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser vendido em farmácias, o Paxlovid - um medicamento comprovadamente eficaz contra a covid - deve chegar às prateleiras custando R$ 2.700.
 
Como o governo federal encomendou até agora apenas 100 mil doses do medicamento da Pfizer para distribuir a toda rede pública de saúde, o tratamento pode acabar "elitizado", avalia o vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Alexandre Naime.
 
Com eficácia de 89% contra hospitalização e morte de idosos e pessoas com baixa imunidade, o Paxlovid foi aprovado nos Estados Unidos em dezembro do ano passado. Um mês antes, porém, o governo americano já anunciava a compra de 10 milhões de doses.
 
No Brasil, a Anvisa aprovou o medicamento em março. Em maio, sua distribuição no SUS foi aprovada, mas, em agosto, o governo ainda estava em "tratativas" para a compra.
 
Na ocasião, a Pfizer disse ter "capacidade de produção suficiente" para atender "as necessidades brasileiras".
 
Quando o negócio foi fechado, o governo comprou 100 mil doses para distribuir entre os 26 estados e Distrito Federal. Apenas 50 mil foram entregues em 29 de setembro, enquanto o restante está previsto para chegar "no início de 2023", disse à reportagem o Ministério da Saúde.
 
Até agora, mais de 30 milhões de doses foram distribuídas a 43 países.
 
Enquanto o governo aguarda o restante da remessa, a Anvisa autorizou, em 21 de novembro, a venda do Paxlovid em farmácias e hospitais particulares.
 
A Pfizer disse à reportagem buscar "disponibilizar o medicamento o mais rapidamente possível" à rede privada, mas não estimou data ou preço.
 
Para o governo dos Estados Unidos, cada tratamento, que dura cinco dias, custou US$ 530 (R$ 2.700 em valores de hoje). Na França, saiu por R$ 2.800.
 
"Vai se criar um mercado elitizado", aposta Maine, que além de vice-presidente da SBI é pesquisador e professor de infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
 
A indústria farmacêutica, por saber que a encomenda pública é pequena, pediu para vender no privado, o que já foi autorizado e deve chegar às farmácias em dezembro. Alexandre Naime, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.
 
Convidado pelo governo federal eleito a ajudar na transição, Naime disse que em reunião em novembro sugeriu "ao governo de transição que faça acordos com laboratórios para comprar quantitativos mais elevados".
 
"Agora que tem medicamento comprovado e aprovado, tem de usar", defende.
 
Especialista em direito médico, o advogado Washington Fonseca diz que "sem dúvida é uma quantidade muito pequena", mas lembrou que a demanda "mundo afora é grande" e é preciso "verificar quanto a Pfizer disponibilizou ao governo", pergunta que nem o o Ministério da Saúde nem a Pfizer responderam.
 
O advogado diz, no entanto, que "o SUS deve ser privilegiado" porque quem depende dele não terá dinheiro para comprar.
 
Como funciona o medicamento?
 
Ele é composto por dois medicamentos ingeridos simultaneamente: cada dose contém dois comprimidos do nirmatrelvir, de cor rosa, e um do ritonavir, branco.
 
Enquanto o primeiro inibe a liberação das proteínas de replicação do vírus, o segundo diminui a assimilação do primeiro comprimido pelo organismo, que, em maior quantidade no sangue, combate o vírus.
 
Precisa de receita médica? Sim, para comprar o Paxlovid na farmácia será preciso apresentar receita médica.
 
POR WANDERLEY PREITE SOBRINHO, FOLHAPRES. POSTADO EM INDÚSTRIA FARMACÊUTICA -  1737

 

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