segunda-feira, 1 de agosto de 2011

TEMPO MADURO


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui pra frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabUticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero está em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discuti assuntos inúteis sobre vida alheia que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretario do coral. As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa. Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera aleita antes da hora, não foge de sua mortalidade. Só há que caminhar perto de pessoas humanas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial.

Mário de Andrade.

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