O RABO
DE ZÉ DE
ANA.
Certa
vez o meu tio Vicente Piau, ganhou um galo de presente do seu primo Janjão. Meu
tio batizou o galo com o nome de Zé de Ana, que era seu tio e ele gostava
muito.
O
galo por ser muito bonito, tinha um tratamento diferenciado, enquanto os pintos
e as galinhas tinham seus alimentos de insetos, Zé de Ana só comia milho e
tinha que ser do amarelo. Um dia meu tio sentiu falta de de Zé de Ana e mandou
seu filho cascudo procurar:
-
Joaquim. Vá procurar o galo, porque desde que o dia amanheceu, que eu não vejo
ele.
Cascudo
ficou enrolando e o tempo foi passando. Uma hora lá meu tio zangou-se e falou:
-
Joaquim. Se Zé de Ana não aparecer, você vai inaugurar meu cinturão novo no
espinhaço. Cascudo saiu agoniado na direção do fim da manga e quando voltou já
estava escuro. Ficou tentando ganhar tempo, quando seu pai gritou:
-
Joaquim ! Você vai ou não vai buscar Zé de Ana?
-
Ôxente pai. E eu num já truxe.
-
E cadê zé?
-
Tá alí no pé daquela cerca. Os pé, o bico e as penas.
-
E o galo?
-
Pois é pai. Eu tava procurando ele alí no fim da
manga,
aí iscutei uma zuada dento das moita do Riacho do Machado, aí fui inté lá.
Quando eu cheguei lá tinha dois cachorro de Raimundo Beca rasgando ele.
Meu
tio muito sentido falou:
-
Coitado de Zé de Ana. Mas o culpado foi você. Se tivesse ido procurar na hora
que eu mandei, não tinha acontecido isso. Eu vou fazer com você o mesmo que os
cachorros fizeram com Zé.
Cascudo
tentando evitar o cinturão, deu uma ideia para o pai:
-
Pai. Ramo fazer disso; Nóis pega as pena do rabo de Zé de Ana e faz uma peteca
pra nóis brincar, aí pai nunca vai isquecer dele.
O
pai não concordou:
-
Eu tenho uma ideia melhor; E vou lhe dar umas lapadas com o cinturão, que é pra
nós dois nunca mais esquecer de Zé de Ana.
E
assim o causo termina com meu primo Cascudo inaugurando o cinturão novo do meu
tio Vicente.
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