No
dia 30 de março de 1981, o cantor Lindomar Castilho matou com um tiro sua
ex-mulher, a cantora Eliane Aparecida de Grammont. Segundo Castilho, Eliane
tinha um caso com um primo do cantor, que também saiu ferido do episódio.
Nascido
em Rio Verde (GO), Lindomar Castilho tornou-se famoso nos anos 1970 ao cantar
boleros e samba-canções como “Você é Doida Demais”, música-tema do seriado da
Globo “Os Normais”. No começo da década de 1980, o cantor estava no auge da
fama.
O
casamento de Castilho com Eliane durou cerca de dois anos. Eles tiveram uma
filha, Liliane, e se separaram em junho de 1980. Agressivo e ciumento, Castilho
bebia muito e espancava sua mulher, segundo afirma a procuradora Luiza Nagib
Eluf no livro “A Paixão no Banco dos Réus” (Ed. Saraiva).
“Eliane
teve de abandonar sua profissão de cantora, que somente retomou depois da
separação do casal”, diz a procuradora, no livro. “Quando morreu, fazia seis
meses que tinha voltado a cantar e apenas vinte dias que o desquite havia sido
formalizado.”
Na
noite de 30 de março de 1981, Castilho foi ao bar Belle Époque, na Alameda
Santos, em São Paulo, onde Eliane fazia uma apresentação, acompanhada do
violonista Carlos Roberto da Silva, o Carlos Randal, primo de Castilho.
“Levantei
os olhos, deparei com Lindomar que apontava a arma na direção de Eliane,
segurando com as duas mãos”, disse Randal à época, ao jornal “Folha de S.
Paulo”. “Ele estava quase a dois metros dela quando disparou.”
Castilho
atirou cinco vezes. Eliane foi atingida no peito. Randal também foi baleado no
abdome, mas não percebeu na hora. “Levantei do banco e atirei o violão no rosto
do assassino, saltando em seguida sobre ele, sendo ajudado pelo proprietário do
café, que desarmou Lindomar”, contou Randal. “Somente mais tarde, quando corria
em direção à rua Pamplona para pedir socorro, percebi que também estava
feri¬do, com uma bala na barriga.”
O
violonista acompanhou Eliane até o Pronto-Socorro Brigadeiro, mas ela morreu no
caminho. Castilho tentou fugir, porém foi dominado e quase linchado. Quando a
polícia chegou, ele estava caído na calçada, com pés e mãos amarradas.
O
cantor foi preso em flagrante. No dia 24 de abril, recebeu liberdade provisória
por ser réu primário e não representar perigo para a sociedade.
Em
maio, Castilho foi interrogado. Em meio a manifestações do lado de fora do
Fórum, ele afirmou ter certeza de que Eliane tinha um caso com seu primo. Na
ocasião, o advogado de defesa, Valdir Trancoso, fez questão que seu cliente
saísse pela porta da frente. O cantor partiu cercado por 17 policiais.
Inicialmente,
Castilho foi acusado de homicídio qualificado por motivo fútil e por não dar
chance de defesa à vítima, O tiro que acertou seu primo lhe rendeu mais uma,
por tentativa de homicídio. A defesa recorreu e o “motivo fútil” foi retirado
da acusação. O relator entendeu que “o ciúme, fonte de paixão, não pode ser
considerado motivo fútil”.
A
família de Eliane contratou o ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos como
advogado. Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, em 1984, Thomaz Bastos disse que
o assassinato era classificado como “o falso crime passional”. “Lindomar se
dizia apaixonado e traído pela mulher, mas eles já estavam separados havia um
ano. Foi um crime premeditado. Quando Lindomar entrou naquele bar, ele entrou
para fuzilar Eliane.”
Três
anos após o crime, o julgamento de Castilho mobilizou grande número de
manifestantes e organizações feministas que gritavam frases como “bolero de
ma¬chão só se canta na prisão”. Além daqueles que pediam a punição do cantor,
havia também um grupo autodenominado “os machistas”, que ofendia e jogava ovos
nas mulheres que protestavam, segundo o livro da procuradora. A polícia teve de
intervir para impedir um confronto físico.
O
público no tribunal aplaudiu de pé os discursos feitos pelo promotor Antônio
Visconti e por Thomaz Bastos. Cada um falou por uma hora. A defesa, por sua
vez, argumentou que havia sido um homicídio cometido sob força da emoção,
tentando atenuar a pena, mas a tese não foi aceita.
A
defesa disse ainda que não houve tentativa de homicídio de Randal, já que ele
teria sido atingido por acidente, dada a imperícia do cantor no manuseio da
arma. O argumento convenceu e o crime passou a ser de lesão corporal culposa de
natureza leve.
Por
4 votos a 3, o júri decidiu que houve homicídio qualificado pela
impossibilidade de defesa da vítima e, no caso de Randal, lesão corporal
culposa. No dia 25 de agosto de 1984, Castilho foi sentenciado a 12 anos e dois
meses de prisão.
Até
então em liberdade, o cantor apresentou-se para ser preso e, após um período
detido em São Paulo, foi transferido para Goiânia. Dois anos depois, conseguiu
o direito de cumprir a pena em regime semiaberto e, em 1988, saiu da prisão, em
liberdade condicional.
Mais
de 20 anos depois, Castilho diz não saber como explicar o crime. “Não há
registro do que aconteceu em minha cabeça. Eu a amava com certeza total”,
afirmou o cantor à revista “Gente”, em 2002. “Qualquer pessoa sob forte emoção
é capaz de fazer o mesmo. Me desliguei da realidade por causa de uma violenta emoção.”
Porém, ele aponta Randal como o responsável pelo crime. “Esse parente meu foi o
causador de tudo, de desavenças, de problemas”.
Na
prisão, o cantor chegou a gravar o disco “Muralhas da Solidão”.
O
cantor foi preso em flagrante. No dia 24 de abril, recebeu liberdade provisória
por ser réu primário e não representar perigo para a sociedade.
Em
maio, Castilho foi interrogado. Em meio a manifestações do lado de fora do
Fórum, ele afirmou ter certeza de que Eliane tinha um caso com seu primo. Na
ocasião, o advogado de defesa, Valdir Trancoso, fez questão que seu cliente
saísse pela porta da frente. O cantor partiu cercado por 17 policiais.
Inicialmente,
Castilho foi acusado de homicídio qualificado por motivo fútil e por não dar
chance de defesa à vítima, O tiro que acertou seu primo lhe rendeu mais uma,
por tentativa de homicídio. A defesa recorreu e o “motivo fútil” foi retirado
da acusação. O relator entendeu que “o ciúme, fonte de paixão, não pode ser
considerado motivo fútil”.
A
família de Eliane contratou o ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos como
advogado. Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, em 1984, Thomaz Bastos disse que
o assassinato era classificado como “o falso crime passional”. “Lindomar se
dizia apaixonado e traído pela mulher, mas eles já estavam separados havia um
ano. Foi um crime premeditado. Quando Lindomar entrou naquele bar, ele entrou
para fuzilar Eliane.”
Três
anos após o crime, o julgamento de Castilho mobilizou grande número de
manifestantes e organizações feministas que gritavam frases como “bolero de
ma¬chão só se canta na prisão”. Além daqueles que pediam a punição do cantor,
havia também um grupo autodenominado “os machistas”, que ofendia e jogava ovos
nas mulheres que protestavam, segundo o livro da procuradora. A polícia teve de
intervir para impedir um confronto físico.
O
público no tribunal aplaudiu de pé os discursos feitos pelo promotor Antônio
Visconti e por Thomaz Bastos. Cada um falou por uma hora. A defesa, por sua
vez, argumentou que havia sido um homicídio cometido sob força da emoção,
tentando atenuar a pena, mas a tese não foi aceita.
A
defesa disse ainda que não houve tentativa de homicídio de Randal, já que ele
teria sido atingido por acidente, dada a imperícia do cantor no manuseio da
arma. O argumento convenceu e o crime passou a ser de lesão corporal culposa de
natureza leve.
Por
4 votos a 3, o júri decidiu que houve homicídio qualificado pela
impossibilidade de defesa da vítima e, no caso de Randal, lesão corporal
culposa. No dia 25 de agosto de 1984, Castilho foi sentenciado a 12 anos e dois
meses de prisão.
Até
então em liberdade, o cantor apresentou-se para ser preso e, após um período
detido em São Paulo, foi transferido para Goiânia. Dois anos depois, conseguiu
o direito de cumprir a pena em regime semiaberto e, em 1988, saiu da prisão, em
liberdade condicional.
Mais
de 20 anos depois, Castilho diz não saber como explicar o crime. “Não há
registro do que aconteceu em minha cabeça. Eu a amava com certeza total”,
afirmou o cantor à revista “Gente”, em 2002. “Qualquer pessoa sob forte emoção
é capaz de fazer o mesmo. Me desliguei da realidade por causa de uma violenta
emoção.” Porém, ele aponta Randal como o responsável pelo crime. “Esse parente
meu foi o causador de tudo, de desavenças, de problemas”.
Na
prisão, o cantor chegou a gravar o disco “Muralhas da Solidão”.