Dia quatorze de março
Digo com convicção
Que este dia hoje em dia
Não dar mais satisfação
Se é dia da poesia
Eu juro que não sabia
Lhes digo de coração
As televisões não mostram
Nem investe na poesia
Nos rádios quando elas saem
É só besteira e anarquia
E o poeta nordestino
Se acaba em seu destino
Vai morrendo a cada dia
As aventuras dos vaqueiros
As mentiras dos pescadores
As boiadas nos currais
Os gritos dos aboiadores
Tudo é coisa de outrora
Nada disso mais vigora
E o poeta sente as dores
Não tem mais inspiração
Nem mesmo de um grande amor
Nem de uma grande paixão
Algo muito sedutor
Dependurou a viola
Não usou mais a cachola
Nem em poema de flor
Não tem inverno nem seca
E fica aquela confusão
E o poeta em desespero
Sem ter mais inspiração
Sem ter o seu céu azul
Vai logo embora pro sul
Esquecendo a profissão
São pouco os poetas aqui
Dá até pra se contar
Os outros já foram embora
Deixaram até de cantar
Mesmo assim ainda é hora
De jogar a mágoa fora
E um verso dela tirar
Porém ainda desejo
Outro voto aqui lhe dou
E você que ainda é moço
Que a velhice não pegou
Invente de fazer poesia
Antes que acabe o dia
Seu dia que lhe restou.
Cláudio Sousa.
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