sexta-feira, 8 de julho de 2016

JUIZ PRORROGA PRISÃO DE ASSASSINO DE TAXISTA EM S. BERNARDO DO CAMPO

Foto: Arquivo Pessoal


Ladrões decidiram matar vítima porque temiam ser reconhecidos

Marcos foi morto porque os assassinos temiam serem identificados. Foto: Arquivo PessoalMarcos foi morto porque os assassinos temiam serem identificados. 
A Justiça prorrogou nesta quinta-feira (07/07) a prisão preventiva de um dos suspeitos de matar o taxista Marcos Antônio Bartoleti, 52 anos, assassinado durante um assalto em São Bernardo. Erick Carlos Mendes dos Santos, 19 anos, mais conhecido como Gordinho, confessou participação no crime e afirmou que o comparsa decidiu matar o taxista, após Erick falar o nome do cúmplice em uma conversa dentro do carro da vítima. Com medo de ser identificado, Bruno Andrade de Paula, 31 anos, teria decidido assassinar a vítima. Em depoimento, Bruno nega as acusações.
A decisão de ampliar a prisão preventiva de cinco para 30 dias foi tomada na tarde desta quinta por um juiz da 3º Vara Criminal de São Bernardo, para a conclusão do inquérito policial e também pela repercussão que o crime teve na cidade. Pela manhã, taxistas colegas de Marcos realizaram uma carreata pelas ruas do Centro, em protesto contra a falta de segurança.
Os investigadores do 6º DP (Distrito Policial) de São Bernardo e policiais do Garra (Grupo Armado de Repressão e Roubos e Assaltos) chegaram até Erik, nesta quarta-feira (06/07), após denúncias anônimas. “Apesar de Bruno negar participação no crime, fontes da polícia diziam que ele não só havia participado como tinha um cúmplice: o Erick”, explicou a delegada titular do 6º DP, Kátia Regina Cristófaro.
Em depoimento, Erick não apenas confessou, como também levou os policiais até o local do crime, um matagal na rua São José, no Jardim Santo André, em Santo André. “O local é de difícil acesso. Para chegar ao corpo foi preciso entrar em uma trilha em mata fechada. Só quem presenciou poderia realmente mostrar onde era”, garantiu Kátia. O corpo estava com sinais de facadas e parcialmente queimado. “Colocaram fogo para dificultar na identificação”, ressaltou a delegada.
O CRIME
Erik ainda esclareceu, em depoimento, que em 23 de junho, dia do desaparecimento do taxista, Bruno, que foi namorado da mãe do jovem, o chamou para fazer um assalto. Eles foram até o ponto de táxi da rua Getúlio Vargas, no Centro de São Bernardo, onde Marcos Antônio trabalhava desde 2014, e pegaram uma corrida para o Baeta Neves. “Eles escolheram alguém aleatoriamente. Não foi algo pessoal”, relatou Kátia. No meio da corrida, a dupla anunciou o assalto e fizeram Marcos Antônio dirigir até um mercadinho na Vila São Pedro, onde o obrigaram a fazer dois saques de R$ 1.000 cada.
Da Vila São Pedro, foram até o matagal do Jardim Santo André, localizado no final da Estrada do Pedroso. “Erick conta que ficou no carro, enquanto Bruno desceu sozinho com Marcos. Ao voltar ensanguentado, Bruno teria tido ao cúmplice que matou o taxista”, relatou a delegada. Erick ainda afirma que Bruno, que até então estava com duas camisas, tinha tirado uma e trazia algo enrolado nela, o que suspeita ser a faca usada no crime. O jovem de 19 anos também garante que não quis ficar com a sua parte do roubo, os R$ 1.000. “Ele diz que não concordou com a morte da vítima e, por isso, não quis o dinheiro.”
Após a morte, a dupla abandonou o carro do taxista na rua Oleoduto, no Bairro Montanhão, em São Bernardo, e foram até um bar. Depois se separaram. O carro do taxista foi encontrado pela polícia, por volta das 21h do dia 23 de junho. “Quando acharam o carro, Marcos já estava morto”, ressaltou a delegada.
No dia 1º de junho, a PM prendeu Bruno por porte ilegal de arma. Ele estava com um revólver calibre 38 com numeração raspada. Na carteira dele, a polícia encontrou uma multa de trânsito em nome do taxista. Em depoimento nesta terça-feira (05/07) ele negou envolvimento no caso. Bruno tem duas passagens pela polícia por roubo a taxistas.
Cemitério da Vila Euclides ficou lotado durante velório do taxista.

ENTERRO

O velório e enterro de Marcos Antônio, na tarde desta quinta-feira (07/07), foram cercados pela comoção de amigos e familiares. O velório do Cemitério da Vila Euclides, em São Bernardo, ficou pequeno para tantas pessoas que quiseram dar um último adeus ao taxista ou demonstrar solidariedade a família. “Ele era uma pessoa muita amiga e querida, se vê pela quantidade de gente aqui”, comentou o aposentado Dirceu Ribeiro Brandão, 51 anos, que trabalhou com Marcos por 28 anos na Volkswagen.
Os amigos lembram com carinho que Marcos gostava de se manter próximo das amizades. “Ele organizava reencontros com o pessoal da Volks. Ele conseguia juntar gente de três gerações da fábrica”, recordou Antônio Carlos Stopa, 49 anos, que trabalhou com o taxista por seis anos.
Para os amigos vai ficar a lembrança de um Marcos Antônio alegre e divertido, que decidiu trabalhar com táxi, porque ainda se sentia jovem para ficar em casa. “Ele estava muito feliz com o trabalho de taxista. Porque na fábrica ficávamos presos e como taxista ele podia ir para vários locais. É difícil acreditar que isso aconteceu com ele”, lamentou Dirceu. A família não quis dar entrevistas.

Por: Claudia Mayara (mayara@abcdmaior.com.br)


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