Como uma onda, o “Desafio dos 10 Anos” (#10YearChallenge) invadiu as timelines de todos nós, provocando cada um dos bilhões de usuários da rede para mostrar como era em 2009 e como está agora, dez anos depois, em 2019. Muita gente entrou na brincadeira digital, resgatando fotos do baú (em alguns casos literalmente, porque as fotos nem digitalizadas estavam) para postar. Ocorre que um artigo da Kate O’Neill publicado na revista Wired chamou atenção para este fenômeno despertando uma reflexão sobre os perigos inerentes ao #10YearChallenge.
Segundo ela, há uma completa ausência de consciência para a entrega (de forma espontânea) de dados pessoais. Aqui vale lembrar: foto é um deles! Quando escolhe participar do desafio, o usuário se dispõe a entregar uma possibilidade de comparação entre dados pessoais biométricos que podem ser coletados nas fotos de antes e depois para o treinamento de algoritmos de reconhecimento facial. Há quem discorde dessa teoria, vale ressaltar.
Se você já publicou as suas fotos e entrou no desafio, pode estar agora preocupado ou ignorando completamente os riscos propostos pela escritora, que aborda em seu artigo mais do que o desafio, mas um debate fundamental em nosso tempo sobre privacidade e proteção de dados pessoais.
Evidentemente, colocar uma lente de aumento sobre o desafio nos permite debruçar sobre uma série de riscos, que podem ir além do tópico proteção de dados. Alguns alegaram, sobre o artigo na Wired, que as fotos de 2009 já estariam na rede e faria pouca diferença, sob a ótica do reconhecimento facial, publicar novamente agora. O fato é que a hashtag viral permite aglutinar essas imagens e facilitar o trabalho de um agente mal intencionando.
O ponto fundamental, em minha visão, é que é preciso perceber os riscos, ainda que se escolha ignora-los para participar de uma brincadeira como essa. Temos que adotar uma postura em que cada pessoa saiba o que é dado pessoal, o que é informação privada e qual o limite para a utilização dessas informações por terceiros. Além disso, é importante saber quais os riscos e como uma foto de 2009, por exemplo, retirada do contexto da brincadeira viral pode causar danos a uma carreira bem sucedida.
Logo, mais do que servir como um lembrete de que o tempo passa (e como passa!), o #10YearChallenge serve para nos lembrar os riscos do uso indevido de nossos dados pessoais. A preocupação, neste caso, pode até ser exagerada, mas nos deixa uma lição.
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