quarta-feira, 30 de março de 2011

CONTRASTES DE VÁRZEA ALEGRE

                                                    AÇUDE COM CHAMINÉ

Meu amigo eu sou da terra de “Zé Felipe afamado” da primeira estrofe da música do compositor varzealegrense Zé Clementino  “Contrastes de Várzea Alegre” confere merecida homenagem a um dos mais populares filhos desta terra. Se os futuros descendentes de Papai Raimundo demonstrarem preocupação no sentido de se resgatar a herança deixada pelos nossos antepassados, para que assim reconheçam a nossa autêntica identidade cultural certamente encontraram em José Felipe de Souza a mais perfeita tradução do modo varzealegrense de ser.
     Zé Felipe emanava entre outras virtudes, inteligência, alegria de viver e capacidade de trabalho. Características da nossa gente. Cidadão analfabeto, porém dono de uma loquacidade sem par prendia a atenção de todos com o seu modo espirituoso de explanar qualquer assunto. Segundo o saudoso médico e escritor varzealegrense Jose Ferreira, “Zé Felipe era, acima de tudo um sujeito prestimoso, bom, honesto e respeitador que com suas brincadeiras e piadas, diferia profundamente desta miríade de austeros e circunspectos cidadãos, sob cujas máscaras se oculta a mais vergonhosa falta de vergonha e pudor”.
       Tendo nascido a 12 de dezembro de 1902, Zé Felipe trabalhou desde muito jovem, assumindo múltiplas e diversificadas funções. No entanto, o seu sarcástico senso de humor muitas vezes seria determinante para recorrentes demissões. Situação que não lhe constituía razão para lamentos ou preocupações. “Pra mim não existe tempo ruim. Nem dor de dente me tira a vontade de rir”, costumava desculpar-se. Determinado a prover-se financeiramente de forma autônoma, decidiu-se pela profissão de “chofer de praça” adquirindo um velho automóvel Ford 1929. Amealhando algumas parcas economias, compraria em seguida um caminhão Chevrolet, cuja carroceria de madeira conferia-lhe graciosidade e extravagância. Passaria, então, a transportar semanalmente carradas de algodão (o tal “ouro branco que fez nosso povo feliz”, segundo a inspirada letra do baião Algodão de Zé Dantas gravada pelo Rei do Baião Luís Gonzaga) com destino a Campina Grande, na época principal entreposto comercial da cultura algodoeira no nordeste.
    Incontáveis são os “causos” que ilustram a inteligência e a espirituosidade sempre presentes neste nobre cidadão varzealegrense. Numa certa oportunidade, ocorrida durante um inverno torrencial que castigava Várzea Alegre, Zé Felipe deixava a cidade em direção à Paraíba, transportando vultuosa carga de algodão. A poucos quilômetros da cidade, (mais precisamente a altura do sítio Caiçara, na Zona rural do município), o veiculo veio a atolar-se. Percebendo o contratempo ocorrido com o solitário motorista, alguns solidários habitantes daquela localidade, começaram a aparecer, logo se formando uma relativa aglomeração. Prestimosos,  ofereceram-lhe ajuda. Eram, porém franzinos de estatura muito baixa e tinham as cabeças “enterradas nos pescoços”. Constituíam, portanto um farto ingrediente para o gênio irônico e malévolo de Zé Felipe. Após algumas frustradas tentativas, os já exaustos e enlameados “caiçarenses” conseguiram  fazer com que o caminhão finalmente transpusesse o lamaçal. Em tom de debique, já posicionado a cabine do veículo, Zé Felipe agradeceu-lhes – “Obrigado meus amigos! Estou indo a Campina Grande e quando eu voltar, trarei um saco de pescoços pra vocês!” Revolta geral!
Zé Felipe foi o “descobridor” e principal divulgador de muitos dos contrastes que atualmente imprimem notoriedade a nossa cidade. Foi casado com a Sra. Virgínia Felipe de Souza e deixou um casal de filhos, Dorgival e Aldeide.

FONTE :
Monografia da Srª Mª Eunice Diniz Moreno.
Universidade Católica do Pernambuco
Curso de Licenciatura em História
Divisão Historia e Patrimônio Cultural
Profª Emanuella Ribeiro.
Adaptação e complementos – Cláudio Sousa.

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