quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Maracatus e Cavalo-Marinho são Patrimônios Culturais Imateriais do Brasil


O título foi concedido nesta quarta (3/12), na 77ª Reunião Deliberativa do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, na sede do Iphan, em Brasília
O Maracatu Nação (também chamado de Baque Virado), o Maracatu de Baque Solto e o Cavalo Marinho são os novos Patrimônios Culturais Imateriais do Brasil. O título foi confirmado nesta quarta (3/12), na 77ª Reunião Deliberativa do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, na sede do Instituto Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, em Brasília. Com o título, as três manifestações ficam inscritas no Livro das Formas de Expressão e têm garantidos o reconhecimento, a valorização e a salvaguarda de um conjunto de bens culturais, saberes, fazeres e formas de expressão que representam. O registro destes bens promove o reconhecimento de referências que são emblemáticas para a cultura brasileira, ao mesmo tempo em que apontam para o apoio, o fomento e a apreensão de sua importância para a identidade e história do povo pernambucano e brasileiro.

“A conquista desse título confirma a importância que essas manifestações tiveram e continuam tendo para a memória, formação e identidade cultural de nossa gente. O pedido de registro dos bens culturais imateriais de Pernambuco – Maracatu Nação, Maracatu de Baque Solto e Cavalo Marinho foi feito pelo então governador Eduardo Campos, fato que foi lembrado hoje, durante a leitura dos relatórios. Após este pedido do Governo do Estado de Pernambuco, empreendeu-se a elaboração do Inventário Nacional de Referência Cultural (INRC), para cada uma das manifestações. O INRC do Maracatu Nação foi realizado entre novembro de 2011 a junho de 2013, pela empresa licitada Centro Técnico de Assessoria e Planejamento Comunitário. O Maracatu Rural (que está para ter a nomenclatura no processo para Maracatu de Baque Solto, por ser a denominação identificada como a mais usual entre os brincantes) teve seu INRC elaborado pela REC Produtores, entre janeiro de 2012 a dezembro de 2013. A empresa licitada para o INRC do Cavalo Marinho foi a Associação Respeita Januário, que trabalhou de novembro de 2011 a abril de 2013.

Depois de finalizados, no dia 13 de agosto de 2013, os dossiês foram entregues ao Iphan e a Secretaria de Cultura do estado oficializou a abertura do processo de registro, numa solenidade que aconteceu na sede provisória do Governo (Centro de Convenções – Olinda), e contou com a presença do então governador Eduardo Campos e de diversos maracatuzeiros e brincantes do Cavalo Marinho. Todos os inventários são públicos e poderão ser disponibilizados, posteriormente, para fins de consultas, pesquisas, etc.

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural

O Conselho, que avalia os processos de tombamento e registro, é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 23 conselheiros que representam instituições como o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e mais 13 representantes da sociedade civil, com conhecimento nos campos de atuação do Iphan.



O Maracatu Nação

O maracatu Nação, também conhecido como Maracatu de Baque Virado, é uma manifestação artística da cultura popular (sobretudo carnavalesca) da Região Metropolitana do Recife. Nela, um cortejo real desfila pelas ruas, acompanhado por um conjunto musical percussivo. Composto majoritariamente por negros e negras, os maracatus nação podem ser remontados às antigas coroações de reis e rainhas congo. Passaram por transformações e mudanças ao longo do século XX, demonstrando sua capacidade de adaptação e permanência. Trata-se, portanto, de uma forma de expressão da cultura negra, que tem sido considerada primordial na definição das identidades culturais pernambucanas, herança e resistência de negros e negras do passado. É uma manifestação performática que mistura música (percussiva com predominância das alfaias) e dança; considerada como uma forma de expressão, assim compreendida pelo fato de cortejo e percussão serem indissociáveis.

O Maracatu de Baque Solto

O maracatu de baque solto é visualmente reconhecido no país pelo caboclo de lança, personagem viril que, empunhando lança pontiaguda, se movimenta com ruidosos chocalhos às costas, flutuante cabeleira e vistoso figurino multicolorido.

O emblemático caboclo de lança é, seguramente, a figura que mais se destaca. O folguedo no entanto traz outros personagens, como o caboclo de pena, de semelhante aura de magnetismo. Somados ao cortejo real e demais elementos que integram o folguedo formam um conjunto de peculiar plasticidade, cuja beleza exige fruição. Nesse espírito festivo, a brincadeira revela peculiaridades, detalhes da vestimenta, um olhar, uma cor, a expressividade dos rostos, o visual deslumbrante, o espetáculo minuciosamente preparado, a dança vigorosa, o frenesi dos instrumentos de sopro e percussão, e a riqueza dos versos improvisados do mestre do apito.

O Cavalo-Marinho

A brincadeira do Cavalo-Marinho é uma forma de expressão tradicionalmente realizada pelos trabalhadores rurais da região da Zona da Mata Norte de Pernambuco e sul da Paraíba e historicamente tem sua execução ligada às festas do ciclo natalino.

Trata-se de uma espécie de teatro popular que representa o cotidiano (presente e passado), real e imaginário, deste grupo social brasileiro por meio da poesia, da música, dos rituais e de seus movimentos corporais. Contém personagens com máscaras (figuras), variados tipos de danças, um rico repertório musical, a louvação ao Divino Santo Rei do Oriente, momentos de culto à Jurema Sagrada e a presença de animais ou bichos, como o Cavalo e o Boi. A brincadeira, que é comandada pelo Capitão, se realiza num terreiro em formato de semicírculo, em lugares planos e, normalmente, ao ar livre. Antigamente, era praticado nos engenhos e usinas de açúcar. 


FONTE Fundarpe

O Maracatu Nação (também chamado de Baque Virado), o Maracatu de Baque Solto e o Cavalo Marinho, juntam-se aos já registrados como bens imateriais brasileiros no IPHAN: Oficio das Paneleiras de Goiabeiras, Arte Kusiwa Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi, Círio de Nossa Senhora de Nazaré, Samba de Roda do Recôncavo Baiano, Modo de Fazer Viola-de-Cocho, Oficio das Baianas de Acarajé, Jongo no Sudeste, Cachoeira de Iauaretê Lugar Sagrado dos Povos Indígenas dos Rios Uaupés e Papuri, Feira de Caruaru, Frevo, Tambor de Crioula, Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: Partido Alto, Samba de Terreiro e Samba-Enredo, Modo de Fazer Queijo de Minas, nas regiões do Serro e das Serras da Canastra e do Salitre, Roda de Capoeira, Ofício dos Mestres de Capoeira, Modo de Fazer Renda Irlandesa produzida em Divina Pastora (SE), Toque dos Sinos de Minas Gerais e Ofício de Sineiros.

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