Na frente um pé de algaroba
Sem folha de galhas tortaNivelada com a porta
Uma janela de trava
Na porta um prego crava
Uma cruzinha de capim
Nas ripas ‘camim’ de cupim
Parece que num acaba
E a casa de taipa se gaba
O sertão se encarna em mim
Parede da frente caiada
Já marcada pelo tempo
Lá dentro tem sortimento
Pela mesa espalhada
Duma abobora cortada
Cai uma ou duas semente
Ao lado pimenta ardente
No chão batido da cozinha
Quatro pinto e uma galinha
Ciscam pacientemente
Fogão de lenha comprido
Rachado bem no seu canto
Ferve o feijão enquanto
Da roça chega o marido
Arroz e café batido
E acima do fogão pregado
Um varal curto e esticado
Onde carne é pendurada
Pra mode ser defumada
Do fumacê levantado
Prateleiras paralelas
Trazem mais umas mistura
Óleo e umas verduras
Cominho e erva de cheiro
Um pimentão bem vermelho
Farinha de rosca fina
Sal e uma lamparina
Conchas suspensas por prego
Abaixo um o pote coberto
Com rodilha e tábua em cima
Um ‘Balai’ de feijão maduro
Pro mode ser ‘disbuiado’
Na janela tá o gato
Cochilando bem seguro
No telhado tem um furo
E a luz do sol por a fresta
Corta a cozinha em resta
Só na parede parando
Indo com o dia andando
E de relógio ela se presta
Pendurando bem visível
O calendário de algum santo
Uma Galinha chocando
Seus ovos toda contente
Do fogão já é crescente
Cheiro de carne de bode
E a porta aberta se cobre
Por uma sombra chegada
De uma ‘muié’ com lata d’água
Vindo abastecer o pote
Jéfferson De Souza
Poeta de Santa Terezinha
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