sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Inversão de valores: comunhão como solução.

Imagem Reprodução internet


Estava eu conversando com o repórter da TV Diário, Sr. Ricardo Mota, e com o Sargento Ricas, da Capitania dos Portos do Ceará, após uma entrevista que eu acabara de conceder para aquela TV, por ocasião da 10ª Regata da Caponga, município de Cascavel-CE. Estávamos à beira daquela praia maravilhosa e altamente inspiradora. Não havia um grande movimento, a não ser de alguns banhistas e da correria dos pescadores para aprontar as suas jangadas para a competição náutica que em breve teria início. Discorríamos sobre diversos assuntos, daqueles que a gente inventa para matar o tempo ou tornar um encontro mais prazeroso. O tema principal era a inversão de valores por parte da sociedade atual. Tema visivelmente na moda, para a infelicidade das pessoas de bem deste país.
Percebi que uma senhora ao lado, que aparentava aproximadamente uns 55 anos, escutava disfarçadamente a nossa conversa. Antes eu já havia percebido que a mesma falava ao telefone, provavelmente com um filho jovem, pois o orientava a não se misturar com pessoas que não conhecesse, pois era perigoso. Intuição de mãe sempre precisa ser levado a sério, e respeitada.
Pois bem, comecei a conversa questionando o Ricardo sobre um assalto que ele havia sofrido recentemente, quando retornava para sua casa após mais um dia de trabalho. Tomei conhecimento desse fato por meio de outro amigo meu, que é cunhado dele. Serenamente ele me explicava o que ocorrera, demonstrando ainda, de certa forma, uma grande aflição e revolta. Na verdade não é uma boa experiência para ninguém ter seu carro invadido por assaltantes violentos que lhe apontam uma arma para a sua cabeça e lhe roubam tudo que podem, inclusive a sua aliança de casamento. Segundo ele, em determinado momento um dos bandidos chegou a colocar o seu dedo na boca na tentativa de não deixar a aliança para trás. Triste e lamentável cena de um mundo violento e perigoso. Não se pode mais usufruir o direito constitucional de ir e vir. O Estado não consegue garantir a segurança de nada e nem de nenhum cidadão de bem.
Discorríamos, também, sobre os tempos em que nas escolas eram ensinados os valores da pátria, seus símbolos, instituições e tradições. A matéria constava em todas as grades curriculares brasileiras durante o ensino fundamental, antigo primário, e era chamada de OSPB, que era a abreviatura de Organização Social e Política Brasileira. Por meio dessa disciplina era exaltado o verdadeiro nacionalismo, bem como eram evocados o sentimento do dever perante a pátria amada. O objetivo da disciplina girava em torno do aprimoramento do caráter do aluno por meio de apoio moral e dedicação tanto à família quanto à comunidade. A compreensão dos direitos e deveres dos brasileiros e o conhecimento da organização sociopolítica e econômica do país eram explorados com muita propriedade e por que não dizer, necessidade de um país que preza pela educação dos seus cidadãos. Lembramos que havia ainda outra disciplina chamada de Educação Moral e Cívica, que visava reforçar o comportamento dos estudantes diante da sociedade. Que pena, foram banidas do ensino brasileiro. 
Em dado momento o Ricardo mencionou que era absolutamente a favor de escolas militares de um modo geral, que as escolas do nosso país deveriam ser militarizadas. Não no sentido profundo de termos jovens forçados a vivenciar um regime militar sem que para isso tenham vocação. Não, compreendi o verdadeiro teor do desejo do meu amigo Ricardo. Ele anseia pelo resgate dos valores, da essência do respeito e do ensino que ensina. Em certo ponto confesso que concordo com ele. Sim, o Brasil está precisando de um “sacode”. Antes que seja tarde demais. Vemos jovens e adultos que não sabem sequer cantar o Hino Nacional Brasileiro. Antigamente era cantado antes de adentrarmos as dependências escolares. Eu mesmo sei de “cor e salteado” o Hino de minha querida cidade, Várzea Alegre. E me arrepio cada vez que os escuto. 
Dia 19 de novembro comemora-se o Dia da Bandeira. Pouco se escuta falar nesse símbolo tão importante para a identidade de uma nação. A bandeira de um país, de um estado ou de um município é o maior símbolo representativo de seu povo. Retrata a sua soberania e, portanto, precisa ser respeitado, idolatrado. Os brasileiros deixam muito a desejar nesse sentido, também.
Pois bem, ao debatermos sobre as escolas militares, comentou-se, em dado momento, sobre a agressão e o desrespeito que os nossos professores vêm sofrendo. Esse fato é preocupante, e ocorre cada vez mais com maior frequência. Tristes cenas de uma sociedade sem rumo, desestruturada e desorganizada. Nesse momento a senhora que citei no início deste relato entrou na conversa. “Eu sou professora!”, disse desconfiada. Na sequência relatou um pouco de sua história, tão comum quanto as histórias de tantos outros guerreiros professores. Disse ela que está afastada há quase dois anos por ter ser sido agredida moralmente e ameaçada de morte por um jovem de 16 anos que simplesmente tirou uma pistola 9mm de sua mochila e a ameaçou dentro da sala de aula, enquanto a mesma exercia o sua nobre profissão. Que triste! Que lamentável! Onde vamos chegar? Que país é esse? Já dizia Cazuza. Onde um jovem que deveria extrair de dentro de sua mochila apenas canetas, lápis, borrachas, cadernos e livros saca uma arma que nem mesmo os policiais têm autorização de utilizá-la. A arte de ensinar é uma missão árdua demais para alguém que se envolva nela por comodismo ou simplesmente para usufruir ganhos. É preciso que reconheçamos que os professores exercem um papel de extrema importância e insubstituível no processo da transformação social. Processo este cada dia mais necessário se quisermos implantar as mudanças que tanto escutamos falar nos meios de comunicação e visualizamos nas diversas redes sociais. 
Já dizia Paulo Freire, grande educador, pedagogo e filósofo brasileiro: “já não se pode afirmar que alguém liberta alguém, ou que alguém se liberta sozinho, mas os homens se libertam em comunhão”. Talvez este seja o único caminho para enfrentarmos estas mazelas que assolam violentamente o nosso país e massacram os nossos valores. A comunhão de pensamentos, de ações e de realizações entre todos é a arma mais forte para a transformação de uma sociedade sem rumo. 
A conversa foi boa. Que bom se pudéssemos dialogar sempre e discutir os caminhos e soluções necessária para a salvação de instituições como a escola e a família. Estas são as mais importantes, a meu ver. Sem a garantia do funcionamento delas não chegaremos jamais a ser uma grande nação. E o Brasil ainda tem jeito. Basta que nós, cidadãos de bem deste país, entremos em comunhão, em comunhão de bem! 

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