Aliados preparam voo
eleitoral de Michel Temer em 2018. Com a perspectiva de melhora da economia e redução
do desemprego, grupo político próximo ao presidente acredita que o peemedebista
poderá sair candidato à reeleição em 2018
Temer: a aposta de
interlocutores é que o presidente vai virar o ano em um outro patamar na
corrida eleitoral
O presidente Michel Temer
e seus estrategistas políticos trabalham para que o peemedebista não seja um
mero figurante na corrida presidencial de 2018. Todas as apostas são de que a
economia seguirá em um ritmo de crescimento constante — as previsões são de que
o país vai avançar próximo de 1% este ano e algo em torno de 3% no ano que vem.
A equipe econômica espera baixar para um dígito a taxa de desemprego no país,
hoje situada em 13 milhões de pessoas. A inflação está abaixo dos 3% e os
juros, em queda. “O Natal será o melhor dos últimos anos e o próximo ano vai
reforçar essa percepção”, acredita um aliado próximo de Temer.
Por tudo isso, aliados do
presidente apostam que o peemedebista vira o ano e entrará na corrida eleitoral
em um outro patamar. “Se formos analisar com clareza, a aprovação pessoal do
presidente é de 3%, mas a avaliação positiva do governo está um pouco maior. As
pessoas começam a perceber as diferenças e a tendência é de que, lá na frente,
consigamos associar a imagem do presidente aos êxitos da economia”, disse um
interlocutor palaciano.
Esse mesmo aliado,
contudo, é cuidadoso e freia os ímpetos de alguns mais entusiasmados, que
acham, inclusive, ser possível que o próprio Temer venha a concorrer à
reeleição. Antes da delação da JBS, ministros do círculo próximo do presidente,
como o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o titular da Secretaria-Geral da
Presidência, Moreira Franco, defendiam que o presidente buscasse conquistar nas
urnas o cargo que lhe havia sido dado pelo Congresso após o impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff.
“Esse cenário, hoje, é
pouco provável. A imagem do presidente ainda está muito desgastada após as duas
denúncias que tivemos de reverter no Congresso. Elas estão muito vivas no
imaginário do eleitorado e da população”, reconheceu um estrategista palaciano.
“Pode ser que, ao longo de 2018, isso se dilua. Mas não há como prever ainda”,
completou.
Avaliação
Para especialistas, uma
presença marcante de Temer nas eleições ainda é algo utópico. “O Brasil não tem
tradição de os presidentes elegerem seus sucessores”, lembrou o professor de
história contemporânea da Universidade de Brasília (UnB) Antônio José Barbosa.
Ele declarou que Juscelino Kubitschek, José Sarney, Fernando Collor e Fernando
Henrique não conseguiram eleger aliados para sucedê-los. “A única exceção foi a
experiência lulo-petista”, pontuou ele.
O professor emérito de
economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Saboia lembra
também o processo de distanciamento do PSDB, que tende a ter candidato próprio,
como um dos elementos que poderiam enfraquecer um voo próprio do PMDB e até
mesmo do presidente Temer. “É bem verdade que dizem que, quando um presidente
concorre à reeleição, ele naturalmente leva consigo um índice de intenção de
votos de 15%, em média. Mas tudo, neste momento, não passa de especulação”,
declarou.
Fonte Correio Braziliense
por Paulo de Tarso Lyra
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