quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Meu candidato é dinheiro - Poeta Luís de Elvesso


Meu candidato é dinheiro
Fique sabendo o senhor
Pois eu não devo um favor
A nem um politiqueiro
Pois eu não sou tabaqueiro
Nem quero ser o tabaco
Em cada galho um macaco
Nos diz um velho rifão
Pois todos políticos são
Farinha do mesmo saco

Pois eu não tenho partido
Também não tenho legenda
O meu voto estar a venda
Pois eu sou desimpedido
E eu não vou dar ouvido
A conversa nem boato
De politiqueiro chato
Que rouba mente e engana
Aquele que me der grana
Esse é meu candidato

Pois eu não sou de Joãozinho
De Pedro nem de Zé Helder
De Dena ou Vandevelder
De Eunicio nem Zezinho
Pois de ninguém sou padrinho
Nem também sou afilhado
Nem sou corno nem viado
Careca nem cabeludo
Dinheiro é quem manda em tudo
Eu só não voto fiado

Pois candidato sacana
Que não quer sofrer derrota
Com promessa e com lorota
A mim ele não engana
Mas se o cabra me der grana
Eu subo o mais alto morro
Atrás de um desses eu corro
Nem que seja um pistoleiro
Se o cabra me der dinheiro
Eu voto até num cachorro

Pois eu já disse a Luzia
Minha querida mulher
Eu só voto em quem me der
Pra gente alguma quantia
Não voto por mixaria
Que de moeda não passa
Mas se ele na praça
Me der o que agente espera
Aí eu voto de vera
Eu só não voto de graça

Tem o voto de Luzia
O meu o de Damião
O de Pedro e de João
O de rosa o de Maria
O de Ana e o de Sofia
De Zeca e de Serafim
De Raimundo e de Joaquim
De Chico e de Valdemar
Se o doutor quiser comprar
Estou vendo tudim

Pois eu digo aonde eu chego
Que não gosto de conchave
Pois o dinheiro é a chave
Da briga e do aconchego
O senhor só deu emprego
Pra expedito Pinheiro
Dr Hélio um Fazendeiro
Está num cargo importante
Por isso de agora em diante
Meu candidato é dinheiro

Várzea Alegre 05 12 2005

Luis Gonçalves de Pinho
       Luís de Elvesso



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