quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Internado em UTI. É delicado o estado de saúde do Sanfoneiro Zé de Manu


Um dos mestres da sanfona Zé de Manú encontra-se internado na UTI do hospital São Raimundo em Fortaleza, passando por um problema grave de saúde mais precisamente de ordem pulmonar.

E é isso que faz, há 52 anos, Zé de Manu. Nascido no Sítio Varzinha, zona rural de Cedro, na região Centro-Sul do Ceará, há 69 anos, José Tomás Sobrinho, ganhou o apelido do pai, agricultor, Manoel Tomás de Aquino, conhecido por Manu.

É um incansável músico que encontrou espaço na casa de show Kukukaya, em Fortaleza, onde,  por mais de ima década tocou com regularidade o autêntico forró pé-de-serra.

Zé de Manu cedo descobriu vocação para a música. Aos seis anos de idade, dividia o tempo entre a escola, o trabalho na roça e os instrumentos musicais. Era época de descobertas, de aprendizagem. “Na roça, pegava um talo de milho e fazia uma espécie de cavaquinho, com cordinhas e tocava”, lembra. Sua mãe vendo a sua vontade de aprender a tocar e a sua tendência musical. comprou-lhes um cavaquinho, conta.

O jovem instrumentista recebeu o apoio do pai e da mãe, Maria Gonçalves Bezerra. Aos 12 anos, foi presenteado com um banjo e, poucos meses depois, começou a aprender violão. Antes, aos 9 anos de idade, acompanhava nas andanças o tio Joaquim Gonçalves (Jaca) que tocava fole de oito baixos, animando as festas, então conhecidas por sambas, nos sítios da região sertaneja.

Zé de Manu recebeu forte influência musical da família. “Dizem que puxei ao tio Dodô, que era inteligente e tocava muito bem sanfona”, conta. “Ele morreu novo e eu não o conheci. Naquele tempo, a gente aprendia de ouvido, pegava a música e saia tocando”.

O interesse pela sanfona surgiu aos 14 anos, quando o tio Jaca comprou uma sanfona de 80 baixos. “A partir daí me interessei”, disse. Entretanto, Zé de Manu só tocava escondido, porque o tio tinha ciúme e não permitia o sobrinho pegar no instrumento. “Eu me lembro que um dia queria tocar e ele não deixou e chorei muito. Papai ficou desgostoso e resolveu comprar uma sanfona”.

O instrumento foi adquirido pelo próprio Zé de Manu na cidade de Lavras da Mangabeira. Era semi-nova, de 48 baixos, mas lhe custou o trabalho de uma safra de algodão. Aos 16 anos de idade firmou em definitivo parceria com a sanfona. Até hoje não largou o acordeon. A relação entre o músico e o instrumento tornou-se uma paixão enraizada. “Paixão não, é amor”, corrige Zé de Manu. “Embalei e já estou com 52 anos de estrada”.

O começo não poderia ser diferente e a referência era o “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga. As primeiras músicas que aprendeu eram de Gonzagão e as composições “Asa Branca”, “Assum Preto” eram as favoritas. “Naquele tempo, a gente tocava valsa, polca, mazurca, xote e baião”, lembra.

Na cidade de Cedro, participou do conjunto Tabajaras, que no repertório incluía fox, jazz e músicas de orquestra. As partituras vinham do Rio de Janeiro e as composições era decifradas e ensaiadas sob a orientação do maestro, Zé Pretinho.

A exemplo de outros sanfoneiros, Zé de Manu poderia ter uma história de vida diferente, conquistado maior sucesso e público em centros urbanos desenvolvidos, mas preferiu permanecer na  pequena cidade de Cedro e tocar em forrós na região. “Fui acomodado e não tinha coragem de deixar a minha mãe, pois meu pai morreu novo. Não me arrependi”. Bem que poderia ter sido outro Zé Marcolino, um dos parceiros de Luiz Gonzaga, ícone do forró, mas o destino o quis preso ao Ceará. Ele tocou com Luiz Gonzaga e por sete anos participou das festas no Parque Asa Branca, em Exu. Foi um dos artistas que recebeu de presente do rei do Baião uma sanfona.

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