terça-feira, 19 de abril de 2011

PADRE VIEIRA 8 ANOS DE SAUDADES - Por Valdenilde Correia


19/04/2011 – Hoje completa-se oito anos sem o nosso inesquecível tio Padre Vieira, como ele sempre dizia que tinha nascido na serra e quando morresse queria voltar pra minha serra e assim foi feito seu desejo.
A Serra
A casa de meus pais, no sertão, fica perto de uma serra. Nasci espiando para ela. Cresci vendo aquela Serra. Ainda hoje, se fecho os olhos, vejo a mesma serra dos meus dias de criança. Seu perfil continua, matizado de luz e colorido de neve ou azul dentro de mim. Na afeição do coração, nas fantasias da imaginação, nas evocações da saudade .
Aquela serra, que levantava a sua cabeça até encostar-se ao céu, era para mim um mistério, uma divindade.
Duas coisas exerceram influência poderosa sobre a minha personalidade. O Rio que corria e a Serra que não corria. O Rio eu dominava a nado, e era meu companheiro de brincadeiras e peraltices, e a Serra que me dominava se mostrava tão importante.
Hoje, depois de ter caminhado tanto no tempo e na idade, como as águas do rio, e de ter ficado parado nas minhas idéias e afeições como aquela serra. Sinto que os dois marcaram em mim, não apenas o carimbo de uma saudade, mas também e, a definição de um caráter: -- a volúpia do correr, do viajar, do conhecer outras terras e outras gentes, como as águas do rio, e o apego à gleba querida e sofredora, que me prende com tentáculos de uma afeição irresistível e de um carinho que enfeitiça.
Vivo sempre entre o contraste destes dois impulsos. O Rio que corre e a Serra que fica. Sinto que morreram dentro de mim um Rio e uma Serra, até que um dia eu corra parra o cemitério e aí fique parado como aquela Serra do sertão. A tão conhecida Serra dos Cavalos.
Caminho pelas estradas da vida, escalando serras, alcançando o cimo mais alto das montanhas, estendendo os meus braços para colher nuvens, para dominar dilúculos de luz, para conseguir matinadas festivas. E quanto mais subo e quanto mais estendo meus braços, mais distante me fica o ideal que procuro alcançar. Tudo foge como a miragem de um sonho.
POR: Valdenilde Correia

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