domingo, 5 de junho de 2011

Neblina - Paulo Viana

Ah, essa emoção estranha, esse desejo platônico
Move-se pelas imagens e penetra no silêncio virtual
Adivinhando o conteúdo dos sonhos
Espreitada por essa razão de lógica fatídica e previsível
Mesmo assim, disfarça-se em versos e explode em palavras
E, depois que germina, o improvável a alimenta
Os raios de um sol impossível iluminam sua vitalidade
E ainda, na antevéspera da paixão, cresce, cresce
Os inúteis anteparos da praticidade tombam impotentes
Porque logo vira véspera de um iminente pulsar emocional
Nas entranhas inicia-se o peso, um misto de angústia e quase gozo
Por fim, uma nebulosa instala-se no espaço da lucidez
O coração acelera com uma imagem, ou diálogo
Deixo fluir, simplesmente, como um rio depois das chuvas
Não é tempestade, porque os corpos nunca se encontraram
É neblina suave, molhando devagar
Até que esse carisma atravessou o peito e fez pequenas poças no coração
Com diversos matizes de sentimentos
E a paixão faz-se rebento
O formalismo racional apenas observa, pois já não tem mais força
Não pode lutar contra a expressão do mais profundo da existência
Não pode impedir que o amor construa sua caminhada
Por mais difícil e distante que ela seja
Se jamais chegar a seu destino, se consolidando em sua concretude,
Pelo menos terá derramado sua essência pelo caminho
E terá criado a perspectiva de se vislumbrar a felicidade
Que venha! Tenho versos secretos para ela

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