domingo, 26 de julho de 2020

NO DIA DOS AVÓS. RELEMBRO A CASA DO MEU AVÔ NENÉM CESÁRIO DAS PANELAS


Os meninos de minha época
Não eram tão bobos assim
Mas tinha sim uns que eram
Quase igualmente a mim
Hoje a minha recordação
Me levou ao terreiro e ao vão
Da casa do outro lado
Onde meu avô morou
E tia Socorro lá ficou
Nesse casarão amado

Lembro as meninas brincado
No terreiro bem limpinho
Eu não gostava por que
Não ia brincar sozinho
Naquele tempo Menino
Só se fosse ele morfino
Pra com menina brincar
Elas ficavam brincando
Eu da calçada só olhando
E ouvindo o cantarolar

Eu não poderei esquecer
É do pé de tamarindo
Eu não subia, mas as pedras
Derrubava e eu sorrindo
Me lembrei do bacurim
O pomar nos chamávamos assim
O porque ainda não sei
Só sei que lá tinha fartura
E também tinha mistura
De frutas que eu não plantei

Manga lá de quatro tipos
Ou até mais se encontrava
Mas a tal manga jasmim
Era a que mais papai gostava
Mas quando aqui veio morar
Titonho vinha nos deixar
Daquelas que era escolhida
Um cheiro delicioso
Um gosto assim tão gostoso
Que marcou na minha vida

Lá também tinha goiaba
Graviolas e coqueiros
Tinha banana e mamão
Desses que bota ligeiro
Tinha lá um cacimbão
Um balde puxado a mão
Para banho nós tomar
Respeitando certa distancia
Pra com o descuido da ânsia
A água não contaminar

Agora eu vou adentrar
Da sala até a cozinha
Vou busca essas imagens
Aqui na lembrança minha
Cadeiras eram bastante
Nas paredes encostadas
Umas de couro outras de fios
Assim bem entrelaçado
Coisa boa feita à mão
Umas por um artesão
Outras na loja comprado

No corredor a Cantareira
Com três potes esfriador
Para quem chegar tomar água
Que era dada com amor
A outra sala era a de janta
Onde a alegria era tanta
Com Tia Socorro chamando
Se eu não era o primeiro
Não ficava por derradeiro
Ia logo me aconchegando

Um guarda louça de lado
Um oratório num canto
Todo lotado de santo
Que eu nem tinha bem notado
Na cozinha pendurado
Um gancho pra botar toucinho
E bem ali num cantinho
Uma linda bateria
De alumínio que todo dia
Tinha alumínio limpinho

Mas o que me fez recordar
Todas essas imagens lindas
São saudades que não findas
Do que me pus a lembrar
Galo de campina a cantar
Relembra nossa infância
Tempo de extravagância
Que a idade levou
E só recordação ficou
Da época da lactância.


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