sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

DIA DO FARMACÊUTICO II

Foto Keith Brofsky/Photodisc/Getty Images

A função do farmacêutico não parece muito clara quando o assunto é prescrição médica. Mais do que receber, ler e interpretar a receita enviada pelo médico é obrigação do profissional orientar o consumidor quanto a forma correta de tomar o remédio, o horário certo de administrá-lo e tirar outras dúvidas sobre o medicamento que está sendo comprado. A informação é do presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo, Raquel Rizzi.

- Quando alguém chega com ou sem receita, o farmacêutico tem a obrigação de orientar. O acesso ao remédio o consumidor tem, mas tem que ser com qualidade, senão ele toma errado ou abandona o tratamento.
O farmacêutico Valmir de Santi, presidente da Comissão de Saúde Pública do CFF (Conselho Federal de Farmácia) do Paraná, diz que, mais do que orientar na hora da compra, cabe ao farmacêutico mostrar-se disponível para acompanhar o tratamento do consumidor que comprou remédio sob a sua batuta.

- Podemos orientar inclusive sobre as possibilidade do medicamento causar efeitos colaterais, como ele fará efeito, a dosagem correta e o tempo de duração.

Questionados se isso não é obrigação do médico que fez a receita, Raquel diz que ambos podem orientar, mas frisa que "quem entende de remédio é o farmacêutico, pois sabe como ele é feito". Para De Santi, a rapidez no tempo das consultas, em especial na rede pública, faz as pessoas chegarem à farmácia sem saber como tomar o medicamento prescrito. Às vezes a própria linguagem médica pode ser um entrave no entendimento da prescrição, diz o especialista.

Vemos muito pacientes com dificuldades de entender o que o médico prescreveu para ele. Quando ele vem à farmácia é a última chance de ter uma orientação, então tem de ser adequada.

O farmacêutico está ainda habilitado a orientar o consumidor na compra de medicamentos sem prescrição, como os disponíveis para gripe, febre, dor de cabeça, azia, problemas de pele e também os fitoterápicos (feito com plantas medicinais) como por exemplo função emagrecedora.

Para tanto, vale ficar atento se a farmácia tem ou não um profissional, o que é obrigatório por lei. Para saber se o estabelecimento tem um farmacêutico de plantão, peça para falar com ele ou tente notar se há um quadro na parede com o nome dele junto a um registro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Caso não tenha, a farmácia, além de irregular, pode ser clandestina e deve ser autuada pela polícia.

O Conselho Federal de Farmácia não reconhece a orientação médica feita por balconistas, mesmo entre os medicamentos de venda livre. Desta forma, oferece, junto às suas regionais, canais de denúncia de estabelecimentos irregulares por telefone ou internet. Para saber mais, acesse o site www.cff.org.br e procure pelo conselho regional de seu Estado.
Um levantamento do CFF (Conselho Federal de Farmácia) concluiu que, dos 83.714 estabelecimentos farmacêuticos existentes no Brasil, 17% (11.820) estão trabalhando de forma irregular, ou seja, não têm um farmacêutico de plantão conforme o exigido pela lei. Outros 4.840 são clandestinos – 5% do total – por não apresentarem registro na vigilância sanitária e em algum conselho regional de farmácia, o que também é obrigatório.

Mas 67.054 delas - 80% ao todo - são consideradas legais por terem registro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e farmacêuticos de plantão. Os números são de dezembro de 2009, segundo a presidente da comissão de fiscalização do CFF, Mary Jane Limeira de Oliveira. Estão registrados no país 133.762 farmacêuticos, a maioria (78.043) com atuação no interior – enquanto isso, 55.719 trabalham nas capitais.
O Nordeste é a região onde há o maior número de farmácias irregulares, segundo levantamento do realizado com os conselhos regionais de farmácia dos 26 Estados brasileiros mais o Distrito Federal, entre 22 de fevereiro e 5 de março. Destes, oito Estados não responderam. O campeão é o Piauí, onde 50% das farmácias e drogarias não têm farmacêuticos, num total de 447 irregulares para 894 estabelecimentos. Na segunda colocação está o Maranhão, com 36% das farmácias e drogarias irregulares. No Ceará os estabelecimentos sem farmacêuticos chegam a 31%. Em quarto lugar está o Pará onde 25,6% das farmácias também foram consideradas irregulares.
Pernambuco e Mato Grosso empatam na quinta colocação com 20% de farmácias irregulares em cada Estado. São seguidos do Tocantins, que tem 16,18% e Roraima (15,45%). Goiás fica em oitavo lugar com 13,6%, à frente da Bahia (10,4%).
No Estado de São Paulo, que tem o maior número de estabelecimentos farmacêuticos do Brasil (15 mil), a irregularidade chega a 10%.

Os Estados com as taxas mais baixas do problema estão Sul e Sudeste do país. No Paraná, apenas 5% das farmácias não têm farmacêuticos. Em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul os índices são ainda menores, com 3,6% e 3,7%, respectivamente.
Segundo o presidente da Comissão de Saúde Pública do CFF, Valmir de Santi, a falta de profissionais em algumas regiões do país deve ser suprida ao longo dos anos com o crescimento no número dos cursos de graduação em farmácia. Em média 10 mil pessoas se formam em farmácia por ano.

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