terça-feira, 24 de julho de 2012

QUANDO 2" POLEGADAS FAZEM A DIFERENÇA



Enquanto a tradição italiana não pegava, houve um tempo no Brasil em que, em vez de pizza, tudo acabava mesmo era em marchinha de Carnaval. Foi assim com a fatídica noite de 24 de julho de 1954, quando amargamos o segundo vice-campeonato da década. Os brasileiros ainda se recuperavam da derrota para o Uruguai na Copa do Mundo, quatro anos antes, por um gol a menos no Maracanã, quando duas polegadas a mais tiraram a vitória da baiana Martha Rocha no concurso de Miss Universo. A derrota causou comoção, mas acabou em tema de Carnaval.
Foi ela mesma que interpretou a marchinha composta por Alcyr Pires Vermelho, Pedro Caetano e Carlos Renato: “Por duas polegadas a mais / Passaram a baiana pra trás / Por duas polegadas / E logo nos quadris / Tem dó, tem dó, seu juiz”.
A bela morena de 21 anos, que havia sido eleita Miss Brasil por unanimidade, causava alvoroço por onde passava. Seu conterrâneo Dorival Caymmi dizia não ter dúvidas: o verde dos olhos de Martha era mais belo que o mar de Itapuã. O fiel Tom Jobim lamentou estar casado à época: gostaria de ter composto uma música para a jovem.
A notícia da derrota para a americana Mirian Stevenson foi dada pelo jornalista João Martins, da revista O Cruzeiro. Ele teria ouvido de um jurado a informação de que as tais duas polegadas, que equivalem a cinco centímetros, foram decisivas para a escolha.
A verdade, porém, é que, como membro da criativa imprensa da época, Martins combinou a história com outros jornalistas para tornar a derrota mais polêmica. Nem Martha, hoje vivendo como pintora, sabe confirmar a veracidade dos fatos.
A ex-miss, cujo nome, por ironia do destino, batiza doces receitas que incentivam a propagação de polegadas, declarou em sua autobiografia: “Nos Estados Unidos, nunca ninguém me tirou as medidas”.

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