sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

VERSOS LÁ DE NÓS - Por Mundim do Vale.



SERÁ  O  BENEDITO.

Eu nunca que acreditei
Em coisa do outro mundo
Mas uma vez me assustei
Na terra de São Raimundo.
Surgiu lá uma marmota
Lá nas banda da Varjota
Que fazia assombração.
Todo mundo que passava
Ela batia e xingava
Não escapava um cristão.

João Sem Braço disse: - Eu vou!
Encarar essa marmota,
O cabra se preparou
E foi bater na Varjota.
Mas foi o maior fracasso
Quase perde o outro braço
Escapou mesmo fedendo.
Depois que o cabra fugiu
Nunca mais que ninguém viu
Até hoje anda correndo.

Em Várzea Alegre o assunto
Era só sobre a visagem
Formaram um adjunto
Só com homem de coragem.
Na frente foi Chico Pão
Atrás ia Damião
Mas foram só apanhar.
Chico Pão voltou quebrado
Damão todo aleijado
Começaram a gaguejar:

- O bicho parece gente
 Mas briga como animal
Eu tenho na minha mente
Que aquele bicho é de pau.
Não sei onde arranjou voz
Mas fala assim como nós
Sabe todo palavrão.
Tem um fio no espinhaço
Cordão debaixo do braço
É preto que nem carvão.

- De pau já vi cantareira
Cambito, mesa e caixão
Vi cadeira e cristaleira
Mas gente nunca ví não.
Eu acho que aquela coisa
É invenção de Cláudio Souza
Que não tem o que fazer.
Se for alma eu vou rezar
Sendo pau eu vou quebrar
Se for bicho vai morrer.

OPERAÇÃO MATA BICHO:

- Eu imaginei assim:
- Se a visagem é de pau
Vou arranjar um cupim
E acabar esse mal.
Peguei um carro de mão
Fui até o Caldeirão
E trouxe um cupim inteiro.
Fiz um buraco profundo
Botei o cupim no fundo
E cobri com marmeleiro.

Decorei bem o local
 E gritei para o Negão:
- Vem cá pedaço de pau
Que tu vai virar tição.
Tu hoje vai aprender
Ou querendo, ou sem querer
A respeitar meu lugar.
Se você nã é humano
Hoje entra pelo cano,
Corra dentro pra apanhar!

Ele veio atrás de mim
Só dizendo nome feio
Eu desviei do cupim
Ele caiu bem no meio.
Quando o cupim atacou
O bicho estrebuchou
Feito peixe no galão.
Fui saber quem era a fera
Pois não é, que o bicho era
Joãzinho de Damião.

Mundim do Vale
V. Alegre-Ceará

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