terça-feira, 30 de abril de 2019

64 ANOS DE SERGINHO PIAU - FESTA NO CÉU DAS COMPOSIÇÕES


A cultura e a arte está nas entranhas da alma do nosso povo, muitos são os varzealegrenses que se destacaram no mundo artístico, destes estamos sem sombra de dúvidas devendo homenagens de  reconhecimento ao compositor e violonista Luiz Sérgio. Este merece o nosso destaque por ter desenvolvido e difundido  o  dom de compor e compôs grande, algumas delas tendo ultrapassado  as fronteiras do regionalismo e se tornado nacionalmente conhecidas como “Caminhos do Sol” gravada na linda voz da cantora Amelinha. Que de tão grande a composição deu título ao LP gravado em 1985.

O criador de canções

Luiz Sérgio, se destacou na cena de Fortaleza vencendo festivais e criando, sozinho ou com parceiros, canções registradas por intérpretes como Amelinha, Késia, Teresinha de Jesus, Marcus Britto, Rogério Franco e Eugênio Leandro. Amantes de harmonias, melodias e versos que ganhavam vida no violão e na voz do inesquecível do ´Pato Rouco´.

Luiz Sérgio cantava: ´Eu moro onde tudo é fácil, tão perto do paraíso. Tanta vida vive aqui, que o tempo corre indeciso´. Talvez uma inconsciente e idílica recordação dos tempos de menino, na cidade de Várzea Alegre, região Sul do Ceará, onde nasceu, em 30 de abril de 1955. De família numerosa, Luiz Sérgio Bezerra de Morais foi um dos 14 filhos, dos quais 11 vingaram, de Pedro Alves de Morais, escrivão, e Iraci Bezerra de Morais, professora e dona de casa. Uma família de natural presença artística, nas notas do pai músico amador, nos versos do avô poeta. E abonada, para os padrões da cidade em que quase todos se conheciam, tal qual ainda hoje.

Cenário ideal para alegrias de infância, como cantaria Luiz Sérgio em ´Menino de rua´, referindo-se a tempos em que o termo tinha conotação bem diferente da atual. Do mesmo modo, como ainda acontece com famílias ´remediadas´, outras nem tanto, é de lei, quando se pode, que os filhos sejam mandados para a capital, para prosseguir nos estudos, alargar os passos, ganhar o mundo e melhorar de vida. Assim foi com Luiz Sérgio, que teve sua transição entre as paisagens do Cariri e as ruas da Fortaleza de 1968, facilitada pela chegada prévia de irmãos e amigos.

Os seus primeiros contatos diretos com a música se deu ainda na cidade de V. Alegre, o seu pai era um dos admiardores de música e os levava nos fins de tarde, pra cantar no Roçado de Dentro, com o sanfoneiro Pedro Sousa.

Nessa época Várzea Alegre tinha também um show de calouros no cinema, aos domingos. Também fora um grande incentivo para Serginho,  a vinda de uma banda de música de Cajazeiras, na Paraíba. ´Por conta daquela bandinha, muita gente resolveu aprender algum instrumento, inclusive Sérgio.

Já em Fortaleza, o jovem Sérgio seguiu tangenciando a música no aprendizado do violão (inicialmente autodidata, depois passando pelo Conservatório Alberto Nepomuceno), nos tempos de
aluno do Colégio Piamarta e do curso de Edificações da então Escola Técnica Federal do Ceará.

Tempos depois, concluiria o Curso de Ciências Contábeis pela Universidade Federal. Seguiria carreira como funcionário público, atuando principalmente no Conselho (atual Tribunal) de Contas
dos Municípios. Sem nunca perder de vista a música, conforme deixava claro em declaração de 1982:

´A música é quase um hobby, embora leve a coisa mais a sério que certas pessoas que dizem viver de arte´.

Essa dualidade entre dedicação à música e a uma carreira profissional em outra área não resultou, de acordo com os familiares, em prejuízo para sua obra. Pelo menos em seu período de auge criativo, estimado entre 1978 e 1987. ´Ele fazia tudo na música com muita naturalidade. Nos festivais, nos programas de TV... Tinha muita responsabilidade, levava a coisa a sério, era perfeccionista, exigente, cuidava pra que tudo ficasse bem.

A descoberta do compositor

O ano de 1978 foi fundamental . ´Ele já tinha várias músicas feitas, mas não tinha tido a chance de mostrar´. Foi nesse ano, que o mesmo nascera pra os festivais. Sendo no III Festival BNB Clube, realizado em outubro de 1978, que o compositor pela primeira vez se fez presente de modo ma formal. Classificando neste evento as canções ´Samba pra esbanjar´ e ´O grito de Kunta-kinte´. Conquistando primeiro lugar com ´Samba pra esbanjar´, escrita após o músico ter participado de uma roda de samba em que um dos presentes tocava um insólito banjo. A música agradou e valeu ao autor a conquista do festival. Como se fosse pouco, ainda em 1978, viria mais um primeiro lugar, com ´Valsinha pra Célia´, no Festival Universitário de Música, realizado no auditório da Faculdade de Direito. Composta com a parceira do Paulo Viana, quando já era  iniciado  o momento da música de protesto passando o afrouxamento da repressão´. A valsa composta pela dupla de amigos lhes pareceu, acima de tudo, espontânea. ´Eu fiz um poema, em homenagem a uma paixão por uma amiga dele, que ele trouxe de São Paulo, só pra atrapalhar a vida da gente´, ri-se Paulo Viana, citando que o próprio Luiz Sérgio, com sua voz que lhe rendeu dos músicos o apelido de ´Pato Rouco´, defendeu a música nas eliminatórias do festival. Já na reapresentação das vencedoras, o cantor e compositor Cassundé cuidou de interpretar a valsa.

Em 10 de outubro de 1991, o susto: Luiz Sérgio morre, em sua residência, em decorrência de disparo com arma de fogo na cabeça. Recorte de jornal da época, guardado pela família, destaca que ´Acidente mata técnico do CCM que se preparava para viagem´ e ´aproveitaria para praticar esportes de caça e pesca´, dos quais ´era adepto´. Segundo a matéria, ´por volta das 5h da manhã, em seu apartamento na Aldeota, quando preparava as armas que levaria na viagem, Morais foi atingido na região próxima à orelha direita por um disparo de uma espingarda calibre 36´. As versões para a morte de Luiz Sérgio, conforme relatos de familiares e colegas músicos, variam de acidente a suicídio. 

E pra resumir, pra quem não o conheceu em vida e nem a sua história, ele é peixe nascido nas águas que banham esse nosso Vale do Machado, ele é  do cardume,ele é Piau, ele é o nosso Serginho Piau.


Serginho sabendo na FLOR DA IDADE, que tendo SAÚDE DE FERRO resolveu em uma NOITE FELIZ, VIAJAR, em um SONHO BOM embalado por UM CHORINHO ASSIM e um SAMBA PRA ESBANJAR, PINTANDO ALEGRIA de um MENINO DE RUA que segue o CAMINHO DO SOL se deliciando em RIO CORAÇÃO, admirando a FLOR DO ALGODÃO, tocando o BAIÃO DE CEM, que é musica de coração, contando uma OUTRA ESTÓRIA e com VALSINHA PRA CÉLIA dando BOAS VINDAS, com essa que é CANÇÃO PARA ARREBENTAR CORAÇÃO

Um comentário:

  1. LUIZ SÉRGIO BEZERRA DE MORAIS
    Encantou-me, desde a primeira escuta, Luiz Sérgio com a beleza de suas composições. Algum tempo depois, ao encontrar-me com ele no restaurante "Caminho â Saúde", falou-me que estava preparando um show e pediu-me sugestões sobre músicos que poderiam acompanhá-lo. Coloquei o violonista Claudio Costa na jogada. Em seu show, Luiz Sergio fez questão de dar um espaço para "estes dois grandes músicos da terra": Claudio Costa e Jorge Helder, baixista que acompanha Chico Buarque há muitos anos. Pensem no improviso que estas duas feras fizeram no palco do Theatro José de Alencar [...]
    Em 1981, Luiz Sérgio teve a canção "Rio Coração" gravada pela cantora potiguar Terezinha de Jesus (neste vídeo).
    http://gurgel-carlos.blogspot.com/2021/03/luiz-sergio-bezerra-de-morais.html

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