O setor da bovinocultura de leite no Ceará é a atividade que
mais gera benefícios econômicos e sociais para o sertão. Com a escassez de
chuva em alguns municípios, produtores buscam se reinventar para superar obstáculos
O setor leiteiro é de suma importância para centenas de
produtores do interior do Estado que, através deste segmento, movimentam a
economia local. No entanto, com as chuvas irregulares , observado no Ceará
desde 2011, muitos produtores tiveram redução de faturamento.
Porém, na cidade Várzea Alegre, no Centro-Sul do Estado,
conseguiu-se aumentar a produção de leite nos últimos dez anos, passando de
oito mil litros para 20 mil litros/dia.
Investimentos em melhoria genética e manejo adequado do rebanho
favoreceram o crescimento da bacia leiteira local. O trabalho realizado por
meio da Associação dos Produtores de Leite (Aprovale), que reúne 60 criadores,
tornou-se significativo e vem obtendo destaque na região.
No Sítio Chico, zona rural do município, o rebanho se alimenta
de capim, pastagem nativa que surgiu com as últimas chuvas. Os animais estão
nutridos e bem tratados. Mesmo com inverno irregular, os bovinos têm segurança
alimentar no campo.
josé Antunes Mota, presidente da Câmara Setorial do Leite da
Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece),lembra que houve um
aumento da produção de leite no Estado, no atual período de chuvas, mas caiu o
consumo e as indústrias passaram a comprar leite em pó de países como Uruguai e
Argentina.
"Tudo
isso tem prejudicado o produtor na ponta", diz. "Houve aumento de
produção, aquisição de modernos equipamentos, mas não se trabalhou a
comercialização e nem a industrialização, levando muitos pequenos lacticínios à
falência, em Quixeramobim, Monsenhor Tabosa, Senador Pompeu, Crateús, Tauá e Eusébio",
completa.
Várzea
Alegre não faz parte desse cenário porque se conseguiu produzir a alimentação
dos animais. A medida barateou os custos e com a economia foi possível investir
na qualidade do rebanho.
O produtor rural André Fiúza disse que representantes da classe
têm implementado novas técnicas de convivência com o semiárido. "No
período do inverno, o gado se alimenta no campo, no pasto nativo; e nos meses
da seca, a gente tem reserva de milho e sorgo forrageiro armazenados em
silos", explica Fiúza.
Os produtores de base da agricultura familiar têm em média uma
renda de um salário mínimo por mês com a venda do leite. "Quando a mão de
obra é familiar, existe lucratividade, mesmo que reduzida, pois a pecuária
leiteira é ainda considerada uma atividade viável no sertão para a agricultura
familiar", explica Fiúza.
Várzea Alegre já foi conhecida como a terra do arroz, mas devido
ao elevado custo de produção do grão e à escassez de água, os agricultores
mudaram de atividade e passaram a ser criadores de vacas leiteiras. Nas terras
de baixio, a rizicultura deu lugar à pastagem para alimentar os bovinos. Saiu o
arroz, entrou o capim.
O técnico em agropecuária, Marcondes Saldanha, diretor da
Aprovale, destaca as ações realizadas em combate ao período com poucas chuvas.
"Investimos
na atividade por meio de inseminação artificial, projetos com financiamento
bancário, aquisição de matrizes de boa qualidade genética", pontua.
"Aumentamos a produção mas, para isso, investimos na qualificação dos
criadores".
O produtor rural
de Várzea Alegre, João Maurício, destaca que o trabalho começou há mais de uma
década e, atualmente, colhe os resultados dos investimentos.
As
vacas dão em média 25 quilos de leite por dia graças à melhoria genética feita
por inseminação artificial", explica. "Enfrentamos dificuldades,
escassez de água, mas vencemos e esperamos que as chuvas sejam mais intensas
neste ano", conclui.
VEJAM REPORTAGEM DA TV DIÁRIO
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